Temos o amor no íntimo, em gérmen para ser desenvolvido. Mas ainda não vivenciamos a amorosidade, ainda não temos atitudes de amor para o nosso próximo. No cap. XI, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, intitulado “Amar o Próximo como a si mesmo”, entre vários textos dos ensinos de Jesus, comentários do codificador e instruções dos Espíritos sobre o importante tema, Kardec incluiu nos itens 11 e 12, duas mensagens, uma de Emmanuel, e outra de Pascal, sobre o egoísmo e o orgulho, obstáculo maior à manifestação do amor.
Egoísmo, diz o dicionário, é qualidade de quem é egoísta. E egoísta é a pessoa que tudo refere a si, que trata exclusivamente de si ou dos seus interesses. Tem orgulho e denota falta de sentimentos altruístas. Orgulho, conforme o dicionário, é o sentimento ou estado da alma onde se forma o conceito elevado que alguém faz de si próprio.
Na página citada, Emmanuel afirma que “o egoísmo impede o progresso moral da Terra, deve ser o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem”. Precisamos de coragem para vencer a nós mesmos, mais difícil do que vencer aos outros. Filho do orgulho, prossegue o instrutor, é a fonte de todas as misérias terrenas. É o maior obstáculo à felicidade dos homens.”
Jesus exemplificou o amor, a caridade, deixando se matar para ajudar a humanidade a compreender a lei divina. Enquanto Pôncio Pilatos, que reconhecia ser Jesus justo, tendo perguntado aos judeus por que queriam crucificá-lo, por egoísmo, para não se prejudicar em sua carreira política, para não se desgastar perante seus chefes, “lavou as mãos”, deixando de dar sua contribuição em favor do bem e do progresso.”
O instrutor conclama os espíritas a combater o egoísmo, no íntimo de cada um, para que a Terra possa elevar-se na escala dos mundos.
O texto de Pascal lembra ser “importante livrar o coração da couraça que o envolve, a fim de torná-lo mais sensível ao sofrimento do próximo”. Jesus não se esquivava àqueles que o procuravam. Ninguém era repelido. A mulher adúltera, o criminoso eram socorridos pelo Mestre. Necessário tomá-Lo por modelo. Quando houver mais desapego, mais solidariedade, o mal não dominará. Com egoísmo e orgulho a vida será sempre uma corrida favorável ao mais esperto. Continuará a luta de interesse, a competição desenfreada, permitindo que “santas afeições sejam calcadas aos pés em que nem mesmo os sagrados laços de família são respeitados”.
No Livro dos Espíritos, item 913, os instrutores espirituais esclarecem que entre os vícios, o mais radical, é o egoísmo. Radical porque tem raízes mais profundas. E prosseguem: “Do egoísmo deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade”.
Sendo o egoísmo inerente à espécie humana, não será um obstáculo permanente ao reino do bem sobre a Terra? (questão 915). Questão de fundamental importância. Há ideologias políticas e sociais que, por acharem que o ser humano é naturalmente egoísta, e como não acreditam na evolução do Espírito, cuja existência não admitem, concluem ser impossível o aperfeiçoamento da humanidade através da educação. Assim, entendem que a maneira de regular as relações humanas é através de leis que impeçam a ação dos fortes sobre os fracos. O controle, assim, seria de fora para dentro, com a necessidade de forte esquema de fiscalização.
O Espiritismo, é óbvio, não aceita essa tese. A posição espírita está na resposta que os instrutores espirituais deram à questão 915: “(…) É certo que o egoísmo é o nosso mal maior, mas ele se liga à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade em si mesma. Ora, os Espíritos se purificam nas encarnações sucessivas, perdendo o egoísmo assim como perdem as outras impurezas. Não tendes na Terra algum homem destituído de egoísmo e praticante da caridade? Existem em maior número do que julgais, mas conheceis poucos porque a virtude não se procura fazer notar. E se há um, por que não haverá dez: se há dez, por que não haverá mil, e assim por diante?”
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