domingo, 12 de maio de 2013

O Evangelho, A Busca E A Organização


O Evangelho, A Busca E A Organização 12/04/2010
Wellington Balbo

Wellington Balbo – Bauru - SP


Capítulo XXV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á.

O capítulo XXV de O Evangelho Segundo o Espiritismo “Buscai e Achareis”, traz uma notável máxima que, mesmo após dois mil anos se aplica tranqüilamente ao nosso dia a dia.

Se em tempos remotos algumas leis eram temporais, instituídas para determinada época e povo, o mesmo não ocorre com as lições legadas pelo Cristo.

Elas transportaram as barreiras do tempo, transcendendo povos, voando como verdades incontestáveis pelos séculos, e há mais de 2.000 anos situam-se como referência para uma convivência pacífica, que quando praticada em plenitude implicará numa perfeita harmonia social e sublime roteiro para o homem atual.

“Buscai e Achareis” encerra em seu princípio a lei do trabalho e do progresso, e entendamos trabalho como algo muito mais abrangente do que apenas nossas atividades profissionais.

Trabalho, como ensina a espiritualidade, é toda ocupação útil. A leitura edificante, o auxílio em obras sociais, o estudo e pesquisa , o cuidado que dedicamos ao corpo físico, a conversa fraterna e edificante, enfim, quando bem empregamos o tempo estamos trabalhando, melhorando e, conseqüentemente, evoluindo.

Um dos grandes enganos que cometemos é julgarmos que as lições contidas no Evangelho são somente de cunho religioso e obedecem a uma ordem transcendental. Nada disso, são lições para o cotidiano da humanidade, perfeitamente aplicáveis dentro e fora do seio da religião, ensinamentos de grande profundidade que devem ser observados para uma melhor organização da vida em sociedade.

Com o avançar das idéias humanas o “Buscar e Achareis contido no Evangelho, que podemos definir também como procura pelos nossos objetivos, pode ser melhor direcionado se bem utilizarmos a ferramenta da organização.

Sim, ser mais organizados em nossa existência, definindo metas e buscando-as, porquanto, quando definimos o ponto onde queremos chegar nosso empenho será melhor direcionado, e as energias empregadas terão rumo certo, menos tempo desperdiçado e, com isso, aumentam as chances de sucesso nos empreendimentos que formos realizar em todos os campos de atuação que estivermos inseridos.

A título de ilustração lembro-me de interessante história.

Um jovem extremamente inteligente prestou vestibular para medicina. Foi aprovado, cursou dois anos e desiludiu-se com as lições de Hipócrates.

Após algum tempo atreveu-se a estudar Direito, também não era seu sonho, considerava um sacrifício estudar as leis. Mais alguns anos e depositou suas fichas no curso de Psicologia.

Descobriu após alguns meses que não levava jeito para a coisa.

Após alguns anos descobriu-se no curso de Administração de Empresas, apaixonou-se por Taylor e Fayol e hoje é hábil diretor de respeitável multinacional.

Ele costuma dizer que perdeu 10 anos de sua vida profissional por pura falta de organização. Não tinha metas e ideais bem definidos. Desorganizado, levava uma vida ao sabor do vento, guiado pelos modismos ou pela opinião de colegas. Buscava e achava, mas nada o preenchia.

No mundo contemporâneo em que informações jorram facilmente por todos os cantos e as opções são inúmeras, imperioso que, além de buscar, ou seja, trabalhar, organizemo-nos, a fim de que não nos percamos nos vários caminhos a seguir.

Por falta de organização muitas pessoas começam cursos que nada tem a ver com seu perfil, por falta de organização muita gente reclama da falta de tempo, por falta de organização muitas pessoas sentem-se frustradas por não conseguirem realizar seus objetivos.

Mas o que seria essa organização?

Podemos definir a organização como um direcionamento coerente ao nosso empenho, evitando desvios que comprometem a conquista do alvo que queremos alcançar.

E quando o assunto é organização, destaque à notável figura de Kardec.

Quem se apodera das obras da codificação da Doutrina Espírita, sua seqüência lógica, sua metodologia ímpar, descobre no caráter do codificador a admiração pela organização.

Kardec, à semelhança do que diz o Evangelho, Buscava, ou seja, trabalhava, mas se organizava para isso.

Seus esforços tinham objetivo certo, havia a certeza de onde queria chegar, e prova isso no livro “ Viagem Espírita em 1862” , livro este que narra as viagens do codificador pelo interior da França visitando Centros Espíritas, conferindo o desabrochar das flores plantadas pela espiritualidade e cultivadas por sua inesquecível figura.

Foram mais de vinte cidades visitadas em sete semanas, 193 léguas, ou melhor dizendo, 1.158 quilômetros percorridos. Pessoas que primam pela organização procuram averiguar os resultados de suas labutas, de seus esforços, não desistem no meio do caminho, não se entregam ao desalento quando as portas se fecham, assim era o codificador: trabalhador, organizado e fiel ao Evangelho.

Assim podemos ser nós, trabalhadores, esforçados, organizados e, também, fieis ao Evangelho.

A jornada humana na Terra é curta, portanto, quanto mais organizados formos, maiores serão as chances de lograrmos êxito nos objetivos que traçamos à nossa existência.

Por isso, caro leitor, importante anotar seus objetivos, colocar as idéias em ordem, traçar metas e buscá-las. Sem esquecer de raciocinar em torno de seus ideais, sem deixar a organização de lado para que não haja grande perda de tempo na conquista do alvo que almeja alcançar.

Como vemos, o Evangelho e o Espiritismo andam lado a lado com o mundo contemporâneo, cabe a nós estudar e meditar nas lições de Jesus e no exemplo de Kardec. “Buscai e Achareis” de mãos dadas com o “Raciocinai e Organizareis”.

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