quinta-feira, 30 de maio de 2013

"De Graça Recebestes, de Graça Dai"


A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.
Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).
O Mestre não somente recomendou o exercício gratuito da mediunidade, Ele o exemplificou, nada cobrando dos discípulos pelo desenvolvimento mediúnico que neles promoveu e jamais cobrando nada de ninguém por qualquer das obras espirituais que realizou, inclusive as curas.
E, ao expulsar os vendilhões do Templo de Jerusalém, deu enérgica demonstração de que não se deve comerciar com as coisas espirituais, nem torná-las objeto de especulação ou meio de vida.

Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado.
O trabalho que fazemos na vida terrena é com o corpo ou com o intelecto e a paga que recebemos por ele se destina à nossa sobreviência corpórea, ao atendimento das nossas necessidades materiais. Como cada qual tem sua capacidade ou aptidão, todos podem trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia ( com exceção das crianças, dos idosos, dos muito deficientes ou enfermos).
O trabalho com a mediunidade é uam situação muito diferente.
Trata-se de uma faculdade que:
-enseja um trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;
-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promovendo o esclarecimento, a ajuda mútua e a fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;
-precisa estar ao alcence de todos os seres humanos em geral mas só pode ser exercida por médiuns, que são minoria na Humanidade.
Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer:
1) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.
"Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos e os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre."
2) O médium estará recebendo a paga pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.
No transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal?
Como receber pelo trabalho dos espíritos uma paga em coisas materiais, que só a nós beneficia e não a eles?
No caso de serem espíritos familiares e amigos, não nos repugna expô-los para, com isso, lucrar alguma coisa material?
3) Teremos de assegurar resultados, mas não o podemos fazer, pois, amediunidade é uma faculdade fugidia, instável, com a qual ninguém pode contar com certeza, já que não funciona sem o concurso dos espíritos. Ora, os espíritos, quando bons, não se prestam ao comércio mediúnico, pois não irão concorrer para a cupidez e ambição do seu intermediário; e, quando maus, também não gostam de ser explorados e nem sempre querem atuar. "Explorar a mediunidade é, portanto, dispor de uam coisa de que realmente não se é dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga".
4) Atrairá para junto do médium espíritos inferiores.
Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, pseudos sábios ou até malévolos mas, no mínimo, ignorantes.
O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.
5) Lançaremos descrédito sobre a mediunidade.
Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.
"A mediunidade séria nunca pode constituir uma profissão, isso a desacredita moralmente". Esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, a ignorância e a credulidade dos supersticiosos foi o que levou Moisés a proibi-la. O Espiritismo, compreendendo a feição honesta do fenômeno, elevou a mediunidade ao grau de missão".
Observemos que "paga" não é somente o dinheiro mas tudo aquilo que represente remuneração, lucro, vantagem, interesse puramente pessoal, satisfação da vaidade e do orgulho.
Quando um médium da seu tempo ao público, dizendo que o faz no interesse da causa espírita ma snão pode dá-lo de graça, perguntamos com Kardec:
"Mas será no interesse da causa ou no seu próprio que o dá? E não será porque ele entreve aí uma ocupação lucrativa? Por este preço, encontram-se sempre pessoas devotadas. Porventura haverá somente este trabalho à sua disposição?
"Quem não tiver com que viver, procure recurso fora da mediunidade. Se quiser, consagre-lhe materialmente o tempo disponível. Os espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifício, ao passo que se afastam de quem dela faça escabelo.
"À parte estas considerações morais. não contestamos de modo nenhum que possa haver médiuns interesseiros honrados e conscienciosos, porque há pessoas honestas em todas as profissões; mas se convirá, pelos motivos que expusemos, que o abuso tem mais razão de estar com os méduins pagos do que junto àqueles que, olhando sua faculdade como um favor, não a empregam senão para prestar serviços gratuitamente".
Kardec está com a razão. E podemos aduzir que a gratuidade dos serviços no meio espírita tem assegurado o afastamento das pessoas interesseiras e mal intencionadas. O desprendimento e o desinteresse exigidos valem, pois, como um dispositivo de segurança para o movimento espírita.

A remuneração espiritual
Todo o bem que fazemos, porém, sempre tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.
Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:
-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;
-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe ven do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;
-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.



Livros consultados:
De Allan Kardec:
-"O Evangelho Segundo o ESpiritismo", cap XXVI;
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, cap. XXVIII e XXXI, item X.

Nenhum comentário:

Postar um comentário