domingo, 23 de agosto de 2015

O Mito de NARCISO

http://ideiaespirita.blogspot.com.br/2008/09/o-mito-de-narciso.html


Caravaggio

O termo narcisismo encontra as suas origens na mitologia grega. Narciso era filho da ninfa Liríope e do deus fluvial Cefiso.


Um dia, Narciso viu a sua imagem reflectida na superfície duma fonte e apaixonou-se perdidamente pela beleza que o caracterizava. Esquecido de tudo o que o rodeava, ficou dias e dias contemplando-se a si próprio, até à autodestruição total, pela fome, sede e solidão experimentadas.


Mais tarde, as irmãs procuraram o corpo para realizarem as cerimónias fúnebres, mas em seu lugar, encontraram, junto da fonte, uma delicada flor amarela, cujo centro é rodeado por pétalas brancas parecendo folhas.


Em Psicologia, o mito de Narciso simboliza a vaidade, a auto-admiração e o excesso de fantasia, reprovados pela ética e pelo próprio inconsciente individual. Daí o final de Narciso que o conduz à autodestruição, fazendo lembrar a insatisfação generalizada que caracteriza a sociedade em que vivemos e que, embora mergulhada nos prazeres mundanos, em processo de fuga, dificilmente afasta a solidão e o vazio que invade os corações.

Como contraponto, lembrei-me duma história que li (já não sei onde) e que me marcou pela simplicidade do gesto e pelo simbolismo do acto espontâneo de doação.
Conta-se que uma senhora viajava diariamente de autocarro e, durante o percurso, ia atirando pela janela algo demasiado pequeno aos olhos dos demais. Um senhor que a observou algumas vezes, cheio de curiosidade, resolveu sentar-se ao seu lado e interrogá-la.


- É pela memória do meu filho; são pequenas sementes de flores que lanço à terra. – explicou a senhora.


- Mas aqui só existe mato selvagem!!!


- Não importa se algumas caiem na estrada, outras se perdem entre as pedras. As que caírem nesse mato um dia o modificarão. Eu faço a minha parte.

O senhor silenciou e esqueceu o assunto.


Tempos mais tarde, voltou a fazer o mesmo percurso de autocarro e lembrou-se da senhora com quem conversara e que atirava sementes de flores pela janela. Mas, por mais que olhasse em redor, não conseguiu avistá-la. Perguntou por ela ao motorista e foi informado de que a senhora havia falecido. No decurso da viagem foi reparando que nalgumas partes do que antes era apenas mato e terra abandonada, havia pequenas clareiras de flores coloridas e que embelezavam a paisagem, antigamente monótona e sem interesse.


Nos dias que se seguiram o senhor apanhou o autocarro com um saco de sementes na mão e foi lançando sementes pela janela.

Façamos também cada um de nós a nossa parte.

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