Por Antônio Moris Cury
18 de abril de 1857, sábado de primavera em Paris, França, lançamento público de O Livro dos Espíritos, a obra fundamental do Espiritismo, que registrou por escrito, entre outros fatos, a existência do Mundo Invisível, explicando e comprovando que a Vida tem seu curso regular tanto no plano material quanto no plano espiritual, de tal modo que, além do mundo físico visível, existem seres invisíveis que constituem o Mundo dos Espíritos. Como era de se esperar, causou impacto e verdadeira revolução no campo do conhecimento humano.
Em pálida comparação, algo assemelhado ocorreu por ocasião da invenção do microscópio. Antes desse equipamento, que é um Instrumento óptico que usa uma combinação de lentes para produzir imagens ampliadas de pequenos objetos, especialmente daqueles que não podem ser vistos o olho nu (Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, 2ª edição, 2008, página 858), quando muito, havia mera suspeita da existência, por exemplo, de micróbios, de microrganismos, visto que até então nada se via, nada se enxergava, mas que nem por isso deixavam de existir.
O mesmo se dá com o ar, que não se vê, mas que ninguém duvida que exista.
Por isso, com o advento da obra fundamental do Espiritismo, ficou demonstrado e claro que todos somos Espíritos, os seres pensantes da Criação, ora encarnados (como nós, agora, aqui na Terra, por exemplo), ora desencarnados (os que saíram do corpo, diante de sua morte física, mas que não saíram da vida, porque passaram a integrar o Mundo dos Espíritos).
A propósito, esclarece o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o nosso Allan Kardec: Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outras esferas, e que deixaram seus invólucros materiais. Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Há, por consequência, bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos, mentirosos, velhacos, hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, como os há muitos superiores em tudo, e que não procuram senão fazer o bem. Esta distinção é um ponto capital.
E, logo adiante, enfatiza o eminente e culto professor: Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, tendo sua própria existência, que pensam e agem em virtude de seu livre-arbítrio. Estão por toda parte, ao redor de nós; povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento (Revista Espírita de 1859, também conhecida por Jornal de Estudos Psicológicos, 1ª edição do Instituto de Difusão Espírita, 1993, páginas 1 e 2).
Vale a pena ler e estudar as obras basilares que compõem a veneranda e abençoada Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, O Evangelho segundo o Espiritismo, o Céu e O Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo e A Gênese – Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo), com ênfase, de modo particularmente especial, para O Livro dos Espíritos, fundamental por todos os títulos.
Tal empreitada tornará clara a compreensão da Vida e certamente retirará os estreitos limites que sobre ela costumamos estabelecer, a começar pelo fato de que todos nós, sem exceção, somos Espíritos, ou seja, imortais e indestrutíveis. Morre o nosso corpo físico, sim, que se decompõe e se transforma ou pode ser cremado, mas o Espírito, o verdadeiro ser, o ser pensante, continua vivo, vivíssimo, e retorna ao Mundo dos Espíritos, de onde proviemos e para onde regressaremos.
Consideramos este dado, por si, de enorme importância, pois, se bem entendido e sobre o qual haja convicção, não restará qualquer dúvida, por mínima que seja, de que realmente somos seres imortais, que viveremos para todo o sempre; seres indestrutíveis, portanto, cada qual com a sua individualidade inteiramente preservada, assim como preservados ficarão o conhecimento adquirido, as virtudes conquistadas e, como o indicam a lógica e o bom senso, os erros, males e equívocos que ainda não tenhamos conseguido corrigir e reparar.
Resta clara também a ampla possibilidade de progresso intelectual e moral, continuamente, com o nosso aperfeiçoamento pessoal permanente, através de outras reencarnações, por exemplo, razão pela qual um dia vivenciaremos a felicidade completa.
Deus, que é a inteligência suprema e a causa primeira ou primária de todas as coisas (questão nº 1 de O Livro do Espíritos), não erra. O Universo está sob o seu comando e controle. E Jesus, Seu filho, modelo e guia da Humanidade, é o governador espiritual do planeta Terra.
Basta que prestemos atenção para percebermos que a Natureza é perfeita, que as Leis Naturais são perfeitas e, exatamente por isso, imutáveis.
Mutável é a lei humana, mutável é o comportamento humano, que incontáveis vezes provoca erros, danos e prejuízos. A Terra é um planeta de expiações e de provas, de categoria inferior no Universo, onde prevalecem o mal e a imperfeição, ainda.
Responsabilidade total nossa, que nos deixamos conduzir por interesses e sentimentos inferiores, saltando aos olhos a presença do orgulho, do egoísmo, da vaidade, da maledicência, da mentira, da arrogância, do desrespeito, da desonestidade etc.
Para dizer o mínimo, no dia em que houver mais seriedade e maior consciência de que, sendo imortais, teremos que nos acertar com a Vida, mais dia menos dia, certamente mudaremos nossa postura e compostura, para melhor, e procuraremos fazer a parte que nos cabe do melhor modo possível, com zelo, qualidade e amor, e principalmente sem hesitar, ainda que por um átimo, em optar pelo Bem, em fazer o Bem sempre, em qualquer circunstância e em qualquer situação.
Nesse ponto, importante registrar a notável advertência de Emmanuel, Espírito, através do médium Francisco Cândido Xavier: E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas (Caminho, Verdade e Vida, 28ª edição FEB, 2008, página 96).
Quando tal acontecer, o amor, a lei maior da vida, estará prevalecendo em nosso dia a dia. E, sem a menor sombra de dúvida, seremos mais felizes.
Com estas ligeiras observações, desejamos expressar nossa gratidão, nosso melhor agradecimento, nossa admiração e nosso profundo respeito a todos os que tornaram possível a elaboração e a veiculação desta monumental obra [e de modo muitíssimo especial ao Espírito Verdade e a Allan Kardec, bem como aos seus inúmeros colaboradores], que em 2013 completa 156 anos como verdadeiro farol a propagar luzes de esclarecimento, orientação e consolo.
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