Todos nós, homens e mulheres, buscamos a afetividade. Até aí, não nos parece nada de estranho. Desde o nascimento, a criança necessita e busca o amor.
Mas por que essa busca tem se apresentado como uma ansiosa necessidade? Ou ainda, por que essa afetividade muitas vezes se apresenta como conflito?
A imaturidade em que se encontram os indivíduos muitas vezes gera a ilusão de que somente através de outra pessoa será possível experimentar a afeição. Dessa forma, as pessoas que se sentem solitárias entram em ansiosa busca, o que possivelmente aciona seus conflitos, pois acreditam que somente serão felizes e/ou encontrarão segurança quando estiverem com alguém.
De imediato nos deparamos aí com um grave problema: espera-se que outra pessoa os complete, realize por eles o que somente eles podem realizar. Joanna de Ângelis afirma: "Um solitário quando se apoia em outro indivíduo que também tem necessidade afetiva, forma uma dupla de buscadores, esperando um do outro aquilo que não sabem ou não desejam oferecer". E sendo essa a busca, como podemos esperar que o relacionamento dê certo? Como não esperar que essa relação fique presa às sensações grosseiras do imediatismo?
Apresenta-se outro grave problema: será que a busca nos relacionamentos não é uma busca egoísta? E sendo egoísta acaba por construir relações vazias que geram conflitos novos e reacendem feridas antigas, prendendo o indivíduo em um círculo vicioso de relações muitas vezes dolorosas e que não proporcionam crescimento para nenhuma das partes.
Desejamos tanto o amor, mas realmente estamos disponíveis para a transformação necessária para sermos um instrumento do amor? Ou egoisticamente quero ser amado sem ao menos ter desenvolvimento a capacidade de amar a mim mesmo?
Mas todo problema traz em si mesmo a solução, e como proposta da própria Mentora, "faz-se imprescindível desenvolver a capacidade de amar, porque o amor também é aprendido". Se os relacionamentos com os outros não vão bem, muito provavelmente o relacionamento do indivíduo consigo mesmo também não vai bem. E como não se podem mudar os outros, o trabalho que se tem a realizar é a própria mudança. E como nos lembra Joanna de Ângelis, na obra Diretrizes para o Êxito: "Ama sempre, mas não te permitas relacionamentos conflituosos sob a justificativa de que tens a missão de salvar o outro, porque ninguém é capaz de tornar feliz aquele que a si mesmo se recusa a alegria de ser pleno."
A primeira lição que é preciso aprender na resolução do problema da afetividade é: Amar a si mesmo, pois sem o desenvolvimento do auto amor perde-se a genuína preocupação com o nosso bem-estar, o que pode favorecer a permanência em situações danosas à emoção e ao desenvolvimento do ser, além, é claro, da capacidade de respeitar-se. Só aquele que se respeitar em sua integridade humana é capaz de respeitar o outro, favorecendo assim que se busque ser melhor a cada dia, e permita ao outro ser o que naquele momento lhe apraz.
O exercício do autoamor exige uma visão precisa de quem se é, isso significa que o trabalho de reconhecimento da sombra também nos ajuda na afetividade, porque não podemos amar só pela metade. Uma vez que se reconhece sombra e luz, deve-se apreciar as próprias conquistas, sem vaidades e excessos, e o mais importante, o autoamor, impulsiona para a busca de novas possibilidades para tornar-se um ser melhor a si mesmo, ao outro e ao mundo.
O ser humano não cresce psicologicamente sem o enfrentamento dos problemas, e nesse sentido os conflitos devem ser percebidos como uma oportunidade de aprimoramento das emoções, principalmente na área da afetividade, pois como já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade: " Amar se aprende amando".
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Texto baseado no cap. 11 do livro Atitudes Renovadas, Joanna de Ângelis.
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