quarta-feira, 30 de abril de 2014
Triste solidão
Há dias em que sentimos com mais intensidade
o fardo da solidão.
À medida que nos elevamos, monte acima, no desempenho
do próprio dever, experimentamos a solidão dos cimos e
profunda tristeza nos dilacera a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriam conosco
no parque primaveril da primeira mocidade?
Onde pousam os corações que nos buscavam
o aconchego nas horas de fantasia?
Onde se acolhem quantos nos partilhavam o pão
e o sonho, nas aventuras felizes do início?
Por certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das
borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contato
da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.
Em torno de nós, a claridade, mas também o silêncio...
Dentro de nós, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de
não sermos compreendidos... Nossa voz grita sem eco
e o nosso anseio se alonga em vão.
Entretanto, se realmente subimos, que ouvidos nos poderiam
escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale
se abalançaria a entender, de pronto, os nossos ideais de altura?
Choramos, indagamos e sofremos...
Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?
A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou,
e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.
A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.
A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o sol
que alimenta o Mundo inteiro brilha sozinho.
Não nos cansemos de aprender a ciência da elevação.
Lembremo-nos do Senhor Jesus, que escalou o Calvário,
de cruz aos ombros feridos.
Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.
Não relacionemos os bens que porventura já houvermos espalhado.
Confiemos no infinito bem que nos aguarda.
Não esperemos pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento.
E não nos esqueçamos de que, pelo ministério da redenção que exerceu
para todas as criaturas, o Divino Amigo da Humanidade
não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também
foi perseguido e crucificado.
O sacrifício na cruz é a mais bela lição de resignação
que o Mestre nos legou.
Sem nenhuma imposição conclamou-nos:
"Quem quiser vir após Mim, tome a sua
cruz, negue-se a si mesmo e siga-Me."
O que equivale a dizer que tomemos a cruz dos nossos sofrimentos
com abnegação, e escalemos a montanha da ascensão espiritual,
confiantes Naquele que nos fez o convite.
E embora com os pés sangrando, ao chegarmos no topo do monte, depararemos com a planície florida e a estrada iluminada
que nos conduzirá ao Mestre.
Recordemo-Lo portanto, e sigamo-Lo...
Se não temos conosco as marcas do testemunho pela responsabilidade,
pelo trabalho, pelo sacrifício ou pelo aprimoramento íntimo,
é possível que amemos profundamente
a Jesus, mas é quase certo que ainda não nos colocamos,
junto Dele, na jornada redentora.
Abençoemos, pois, a nossa cruz e sigamo-Lo, sem temor,
buscando a vitória do amor e a felicidade eterna.
Redação do Momento Espírita
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