terça-feira, 22 de maio de 2012
Individuação ou Individualismo?
"Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo XIII – item 10
O que é certo e errado perante a “crise das certezas” que dominam a humanidade? Quais são as bússolas para nortear a conduta neste cenário de transformações céleres por que passam as sociedades?
A palavra conceito quer dizer idéia que temos de algo ou alguém. Analisamos a vida e os fatos pela ótica individual de nossas conceituações. Nosso entendimento não ultrapassa esse limite.
Alguns desses conceitos resultam da vivência. Foram estruturados pelo uso de todos nossos sentidos, adquirindo significados. Chamamo-los experiência. Outros são fruto da capacidade de pensar e adquirir conhecimento. Determinam os pensamentos predominantes na vida mental. Quando criamos fixação emocional a esse padrão do pensar, nasce o preconceito.
A experiência leva ao discernimento. O discernimento é a porta para a compreensão. A compreensão identifica a Verdade.
O preconceito conduz ao julgamento. O julgamento sustenta os rótulos. Os rótulos distanciam da realidade.
A atitude construtiva na Obra da Criação depende da habilidade de relativizar. Até mesmo a experiência, por mais preciosa, necessita ser continuamente repensada, evitando a estagnação em clichês.
A vida é regida pela Suprema Lei da Impermanência. Certo e errado são critérios sociais mutáveis sob a perspectiva sistêmica. Apesar disso, são referências úteis à maioria dos habitantes da Terra. Funcionam como “estacas disciplinadoras”. Porém, em certa etapa do amadurecimento espiritual, constituem amarras psicológicas na descoberta da realidade pessoal, cuja riqueza está nos significados únicos construídos a partir dos ditames conscienciais.[...]
Na individuação o critério certo /errado é substituído por algumas perguntas: convém ou não? Quero ou não quero? Serve ou não serve? Necessito ou não necessito? Questões cujas respostas vêm do coração. Somente aprendendo a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagens da alma destinadas ao ato de individuar-se. E sentimento é valor moral aferível exclusivamente por nós mesmos no átrio sagrado da intimidade consciencial.
Somos aquilo que sentimos. As máscaras não destroem essa realidade. Quando aprendemos o auto-amor, abandonamos o “crítico interno” que existe em nós e passamos a exercer a generosidade do autoperdão, ou seja, a aceitação incondicional da criatura ainda imperfeita que somos.[...]
Saber o que nos convêm, saber o que é útil, exige dilatado discernimento aliado ao tempo. Quando usamos os rótulos certo/errado, fomentamos a culpa e a punição. Quando sabemos o que nos convém, agimos e escolhemos com responsabilidade na condição de autores do nosso destino. Quando amadurecemos, percebemos que certo e errado se tornam formas de entender, experiências diversificadas.
O caminho de ascensão para todos nós, Filhos de Deus, é o mesmo, apenas muda a maneira de caminhar. Cada criatura tem seu passo, seu ritmo, sua história.
[...]Grande distância separa o processo de individuação da atitude de individualismo.
Na individuação encontramos a necessidade, enquanto no individualismo temos a prevalência do interesse pessoal.
Na individuação temos a alma; no individualismo, a personalidade.
Na individuação temos a consciência; no individualismo, o ego.
Na individuação existem descoberta e criatividade; no individualismo, a imitação e a disputa.
Na individuação temos o preparo e o amadurecimento; no individualismo, a precipitação.
Na individuação experimentamos a realização pessoal; no individualismo, a insaciedade.
A individuação é fruto do amor; o individualismo é a leira do egoísmo.
Na individuação floresce o crescimento espiritual; o individualismo é a sementeira do egoísmo.
O individualista, queira ou não, também caminha em seu processo de individuação. [...]
Sabendo que todos rumam para o melhor, Jesus, em Sua excelsa sapiência, estabeleceu: “Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo.” (João, 8:15)
Se Ele, que podia, não julgou, por que nós, que d'Ele seguimos os ensinos, vamos agir como quem pode escutar os alvitres da alma alheia na tentativa de definir o que é certo ou errado? Qual de nós estará em condição de nutrir certeza se a atitude do próximo é uma expressão de individuação ou um cativeiro de personalismo?"
Biografia:
Ermance de La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade de Fontainebleu, França.
Colaborou como médium, no trabalho de Kardec, na elaboração de da segunda edição de "o Livro dos Espíritos" em 1860. Segundo São Luís, Ermance, assim como Kardec, era uma druidesa reencarnada.
Seu guia espiritual deu grande incentivo à Kardec para publicar a "Revue Espírite" - Revista Espírita. Ermance, com seu pai, tornou-se sócia fundadora da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Ainda como médium foi autora do livro " A Vida de Joana D'arc contada por ela mesma".
Como autora espiritual tem prestado grande contribuição no plano da espiritualização e da educação nos roteiros do amor com as obras psicografadas através do médium Wanderley Oliveira.(Fonte: SEED)
É de autoria dela a mensagem acima, encontrada na obra 'Escutando Sentimentos', psicografada por Wanderley S. de Oliveira.
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