sábado, 24 de janeiro de 2015
Todos somos ignorantes
Escrito por Wilson R. Garcia
Todos somos ignorantes
A ignorância é um dos maiores entraves ao progresso humano, quer seja no âmbito espiritual, como em qualquer outra área. Na obra "Um Conto de Natal", escrito por Charles Dickens, o personagem que representa "O Espírito do Natal Presente", traz consigo, sob seu manto, duas crianças com rostos medonhos, estas crianças são apresentadas como a "Ignorância" e a "Miséria", alertando para que tenhamos cuidado com as mesmas, e de certa forma relacionando-as.
Ignorância é um termo que pode descrever simplesmente o desconhecimento sobre algo, mas que também pode ser aplicado para descrever uma postura excessivamente inflexível de negação de fatos ou de ideias que diferem das suas. De qualquer forma, a ignorância, não é sinônimo de inferioridade, incapacidade ou demérito. A ignorância é um estado, uma situação transitória que pode ser superada com algum interesse, empenho e disciplina. O simples desejo de conhecer coisas novas e a predisposição de incorporar novas ideias, podem gerar as experiências necessárias para o aprendizado.
Podemos adquirir conhecimento através de diversas formas: a boa leitura, a participação em cursos e palestras, a convivência social e a prática da observação, são alguns exemplos.
Estudo Através da Leitura
A leitura é talvez a mais antiga maneira de compartilhar o conhecimento adquirido. O homem é o único animal terrestre capaz de registrar suas experiências através da linguagem escrita com o objetivo de transmitir o conhecimento. Através da leitura somos apresentados a novas ideias, e desafiados a refletir sobre assuntos até então desconhecidos.
Todo o conhecimento fundamental sobre a Doutrina Espírita pode ser encontrado nas cinco principais obras publicadas por Allan Kardec entre os anos de 1857 e a 1868, estas obras compõem o que chamamos de Codificação Espírita, são elas: "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns", "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A Gênese".
Devido a natureza científica-filosófica do Espiritismo, o próprio Kardec incentiva a prática do estudo e da atualização do conhecimento. Acredito que esta posição de Kardec evidencie sua preocupação de evitar que O Espiritismoa pudesse se tornar uma doutrina fundamentalista, baseado numa fé cega e irracional. Disto resulta a importância do hábito da leitura para o verdadeiro Espírita.
2 Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.1
A literatura espírita é fartíssima, existem as chamadas obras subsidiárias e complementares, algumas com o objetivo de oferecer novas bases para os conceitos já abordados e outras com a função de complementar esta abordagem, quase sempre embasadas em novos estudos ou revelações. No Espiritismo, o estudo através da leitura é assunto sério, e uma ferramenta valiosa e poderosa para a compreensão dos fatos que ocorrem ao nosso redor e para a consolidação de uma fé sincera, que sustenta, consola e inspira.
Mas Você é o Que Você Faz e Não o Que Você Sabe
De forma simplificada o termo conhecimento define um conjunto de informações potencialmente aplicáveis na prática. Conhecer é incorporar um um novo conceito ou ideia, porém, o sentido maior da nossa busca pelo conhecimento está na aplicação deste conhecimento na vida real, de forma que possamos nos beneficiar dele, modificando o modo como nos relacionamos com o mundo e com as pessoas ao nosso redor. De nada adianta o acúmulo de conhecimento se este não é aplicado em nosso benefício.
Adiantamento Moral e Adiantamento Intelectual
De acordo com a definição do dicionário, ter sabedoria "é ter grande conhecimento, erudição, prudência, moderação, temperança, sensatez e reflexão" 2. Nesta definição, além do conhecimento e da erudição, aparecem também algumas virtudes que só podem ser desenvolvidas através da relação com nossos semelhantes. Uma pessoa pode ler centenas de livros, adquirir grande conhecimento e mesmo assim pode não ser considerado "sábio".
O Espírito Emmanuel nos esclarece:
"O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.
No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas." 3
Neste trecho o autor destaca a superioridade do avanço moral sobre o conhecimento intelectual, mas deixa claro a importância de ambas, ao ilustrá-las como as "duas asas que nos elevarão à perfeição". Concluí-se, que o conhecimento adquirido através do estudo e da leitura é base segura que contribui para nossa evolução moral, ao nos fornecer subsídios para o raciocínio diante das tantas situações cotidianas.
Todos somos ignorantes
Você possui uma porção do conhecimento e todos os demais seres humanos juntos possuem o restante, desta forma, devemos reconhecer que todos com quem compartilhamos experiências têm algo para nos ensinar. Incorporamos novos conhecimentos diariamente através da observação, da experimentação e da interação com nossos semelhantes. O homem sábio, respeita o pensamento e as experiências alheias e é humilde e receptivo para ouvir e aprender com seu próximo. Isto é sabedoria.
[1] Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 6, item 5
[2] Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. Edição. Ed. Nova Fronteira - Pág. 454 e 1530
[3] Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. O Consolador - Questão 204
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