A NECESSIDADE DE REFORMA ÍNTIMA
Estudaremos aqui de que maneira, secundando a Jesus, o Espiritismo vê a solução dos problemas que afligem a humanidade, e como ela se assenta na reforma íntima.
A — Introdução
Uma das coisas que mais impressiona, ao considerar a Doutrina Espírita, é o seu poder de penetração. Se uma árvore se avalia pelos seus frutos, o Espiritismo é de surpreender. Num momento em que todos os credos religiosos são submetidos a um reexame; no qual as igrejas se esvaziam, com suas doutrinas reconsideradas à luz de novas noções atingidas; ele se impõe ao respeito geral, qual ciência, filosofia e religião; revela novo poder de consolar os aflitos; reconduz à religiosidade; arregimenta sequazes em quantidade sempre crescente; reconquista, para a religião, a capacidade de fixar orientação, num apelo à ação, ao desenvolvimento de aptidões e virtudes.
Prega o trabalho, a caridade, a solidariedade humana, a fraternidade; a luta contra a ignorância, contra a miséria; clama pelo amparo à velhice, a proteção à infância, o combate à doença, a comiseração para o sofrimento, sob o lema cristão de que fora da caridade não há salvação. E ensina exemplificando, desenvolvendo obras assistenciais de todo o tipo: oferece guarida aos desajustados, nos abrigos, nos hospitais, nos hospícios, nas penitenciárias. Realiza obras de grande alcance na iniciação à profissionalização, na suavização da prova à criatura excepcional ou anormal.
Reconsiderando as noções religiosas conclui pela inutilidade dos ritos e cultos e aponta para as forças que engrandecem o espírito. Não tem ritos nem cultos, não tem liturgia. Mas desenvolve a tomada de consciência de cada um, nas próprias responsabilidades, pelas escolas que patrocina, conduzindo à reforma íntima, impelindo para o desenvolvimento em todos os sentidos. Sua bandeira é a auto-educação dos homens: não apregoa revoluções, deposição de partidos, destrona-mento de pessoas ou grupos. Não patrocina lutas fratricidas. Condiciona o progresso e a reestruturação sociais à reforma íntima de cada um, realizada nas trilhas traçadas pela Escola do Mestre, guiada pelas diretrizes do Evangelho redivivo.
Aos revoltados, aos insatisfeitos, aos queixosos, esclarece que as causas de todos os males estão em nós mesmos e que a solução dos problemas reside na reconsideração das atitudes: sermos operosos na produção do bem, sermos bondosos, pacientes, tolerantes, caridosos, justos, responsáveis, amantes a Deus e ao nosso próximo, na prática constante do estudar e servir. Para que possamos fazer uma idéia mais precisa do que se pretende dizer, façamos uma analogia com o serviço da limpeza pública.
B — Poluição e educação
Há queixas contra o poder público quanto ao atendimento da limpeza; entretanto ninguém considera as posturas que proíbem jogar detritos no chão ou em terrenos baldios. Sabe-se que terrenos sujos proporcionam a proliferação de ratos, tornam-se focos de mosquitos, miasmas e pestilências. Apesar disso não há terreno baldio entre nós que não tenhamos transformado em depósito de lixo. Nos logradouros públicos, mesmo que haja recipientes adequados para a colocação de sujidades, é frequente observar quão poucos se servem deles.
E as praias em época de férias ou em dias de feriado? Transformam-se em verdadeiros tapetes de imundícies. Apesar das advertências relativas aos males que isso pode acarretar, aos perigos da poluição; as doenças, as infecções, as viroses, as enfermidades mais variadas, todos atiram detritos: embalagens de todo tipo, restos de petisqueiras, bagaços de frutas, sobras de comida, cascas de qualquer coisa, na mais insensível desconsideração por tudo e por todos.
A ida à praia, que pretendemos se constitua prazeroso convívio com a natureza, para o retemperar das forças e energias, transforma-se em desagradável envolvimento com a sujeira que nos enche de asco e de revolta.— Mas não há serviço público? Não há lixeiros? Não há observância de higiene? E a saúde pública? Que faz o governo?
Lixeiros há — amontoam o lixo que carros recolhem. Mas é como se não houvesse. Todo mundo joga coisas a toda hora, a todo instante; é um lançar detritos constante, contínuo, interminável. Enquanto um limpa, o outro suja. Em qualquer logradouro público, mesmo que jamais procedêssemos de forma semelhante em casa, nos tornamos todos sugismundos. Para que pudéssemos desfrutar de ambiente bem posto, desenxovalhado, necessário seria existir um homem de limpeza atrás de Cada um.
O problema é insolúvel: não há serviço público que possa atingir os requisitos mínimos de higiene e conforto, se ninguém se preocupa.
É a impossibilidade que enfrenta a dona-de-casa quando, ao pretender manter a ordem, se depara com o descaso, o desleixo de todos — um que larga coisas por onde passa, outro que põe em desalinho tudo que toca, outro ainda que deixa desarrumação em tudo que faz.
Não há quem possa manter adequadamente, seja o que for, se cada um não se compenetrar do valor da ordem, não fizer dela parte de suas responsabilidades. Se cada um considerar, observar e puser em prática os princípios sadios da convivência, não somente facilitará a ação governamental, mas fará com que se possam desenvolver meios mais poderosos, mais eficientes, mais benéficos, possíveis, se alicerçados na compreensão e na participação de todos.
Finalidade da saúde pública é sanear, prevenir endemias e doenças, preservar a saúde, criar recursos de assistência. De pouco valerá o desempenho, entretanto, se continuarmos a poluir as águas, lançar detritos nas ruas ou em terrenos baldios. De pouco servirá uma alimentação:-sadia se cultivarmos os vícios do álcool, do fumo, dos estupefacientes, ou outros que solapam as forças e as energias. De pouco valerá qualquer planejamento amplo se não cultivarmos os hábitos da higiene, ou os sadios na prevenção de moléstias: o expor-se ao sol, o praticar exercícios, o não ingerir alimentos fortes; não entregar-se a excessos de qualquer espécie.
São tarefas da educação proporcionar escolas, livros baratos, bolsas de estudo aos que possam ter necessidade. Mas pouco poderá ela proporcionar, se não desenvolvermos sede de conhecimento, ânsia de saber, amor pela verdade; se não nos dispusermos a contribuir com o nosso esforço na produção de aperfeiçoamentos no receber e transmitir o conhecimento.
Qualquer que seja o problema coletivo, não há governo, partido ou grupo capaz de solucioná-lo se cada um de nós não se dispuser a realizar em si mesmo as condições aptas a resolvê-lo. Não se erradicará a miséria, se quem detém a riqueza não dispuser dela para proporcionar oportunidades de trabalho, ensejos de empreendimentos. Mas também não desaparecerá se o trabalhador desperdiçar o tempo, o vendedor adulterar as medidas, o comerciante falsear os preços, se cada um de nós, na esfera da própria ação, buscar obter para si proveitos ilícitos.
Seria necessário um fiscal para cada um. A essência de nossos sofrimentos será sempre consequência do nosso despreparo diante dos deveres que o convívio social nos impõe. Para eliminá-los não há outro caminho que aquele da auto-educação, do aprimoramento e do serviço. — Estudar e servir — diz Emmanuel — é o lema.
C — Poluição moral
No campo moral as coisas não são diferentes. Nossos pensamentos constituem o veículo de influências pelo qual nos relacionamos com os outros. A falta de vigilância para com eles, o descuido com que os formulamos, a fácil adesão às idéias menos edificantes, o palavratório grosseiro, o anedotário licencioso, os julgamentos precipitados, a malícia, a desconfiança, o ciúme, o despeito, a inveja mal disfarçados, são vários dos móveis com os quais lançamos detritos mentais em nosso derredor, conspurcando o meio que nos circunda, provocando poluição no campo das idéias.
Por mais que se esforcem os paladinos do bem, em propiciar meios de paz, tranquilidade e entendimento, pouco ou nada podem conseguir, enquanto ninguém policiar seus próprios atos mentais. Todos, de maneira constante e contínua, atiram faíscas de ódios, fuligem de despeito, negrume de falsidades, dardos de ciúme, explosões de cólera, azinhavre de maledicência, podridões de concupiscência, lodo de desregramentos, nódoas de corrupção, máculas de desonestidade, na mais completa ignorância de que idéias são forças e que constituem a paisagem que nos há de abrigar para o convívio comum.
Para poder manter a imaculabilidade, necessário seria um vigilante para cada um. Para que a paisagem se nos aclare, se nos ofereça apaziguaníe, confortadora, repousante e acolhedora, necessário se faz que abracemos os preceitos do ajustamento íntimo, adotemos as posturas sugeridas pelos sentimentos nobres; irradiemos as influências inspiradas pelas exigências do bem comum.
E da mesma forma que se exige, para aquele que não quer debater-se com a espurcícia, ser o primeiro a não contribuir para ela, assim se requer, para aquele que clama pelo resguardo dos valores humanos, a necessidade de ser-lhes o fautor.
D — O ensinamento evangélico
Jesus, sabedor de nosso despreparo, conhecedor das causas que nos aduziam dor e aflição, mestre e consolador dos necessitados e famintos, diante daquele que clamava por justiça, obtemperava:
— Sede justos, não julgueis. Sede misericordiosos.
— Bem-aventurados os misericordiosos porque deles é o reino dos céus.
— Não critiqueis. Não lanceis anátemas. Perdoai para serdes perdoados.
— Se perdoardes as ofensas que os homens vos fazem, vosso Pai vos perdoará os pecados.
Quereis justiça? Praticai-a. Porque o dia em que cada um for justo, a injustiça erradicar-se-á da face da terra. Aprendestes a devolver o insulto, se atacados: olho-por-olho, dente-por-dente. Justiça com Jesus não é o revide à ofensa; não é retribuir com a mesma moeda. É porém atribuir a cada um o que lhe compete segundo a melhor consciência. A justiça apenas não deve agravar os problemas do devedor. Aos que fazem o mal, basta o fogo do remorso, o comburir-lhes o coração.
Reclamais contra as agruras, a miséria, a luta que se torna pesada? Sede operosos, caridosos; não negueis uma camisa a quem a pede, mas dai-lhe duas. Sede mansos, sede pacientes; não cultiveis a cólera, não pratiqueis a crítica. Dai sempre vossa palavra de estímulo; não censureis. Cultivai a compreensão, oferecei sempre novas oportunidades.
Bem-aventurados os mansos porque cultivam a paz, a paciência, a tolerância, a bondade. Tornar-se-ão os preferidos, os amados por todos. Serão senhores, porque senhor é aquele que é amado, respeitado.— Reclamais contra os abusos do poder, os excessos dos privilegiados? — Ele responde:— Não amealheis tesouros na terra; não temais; não vos inquieteis por vossa vida.
Olhai as aves do ar; não semeiam, não colhem, não fazem provisões nos celeiros, contudo vosso Pai Celeste as sustenta. Considerai os lírios dos campos; não trabalham, nem fiam; entretanto vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como nenhum deles.— Reclamais contra as forças da inferioridade que vos solapam o instituto da família, vos desonram o nome, vos desencaminham os filhos, vos conspurscam a imagem?
Responde: — Sede puro, não pratiqueis a impudicícia. Erguei o pensamento às fontes da vida e não o deixeis mergulhar nos pântanos do vício, para que, a vida se vos faça para melhor. Bem-aventurados os que têm puro o coração, porque deles é o reino dos céus. E acrescenta: — Compenetrai-vos de vosso destino e cumpri vossos deveres para realizá-los. Vós sois deuses. Tende fé. Pedi e dar-se-vos-á. Buscai e achareis. Batei e abrir--se-vos-á. Se maus como sois sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus que bens não dará aos que lhos pedirem.
Cumpri vossos deveres, praticai a caridade. Pensai feridas, aliviai o sofrimento, soerguei os decaídos. Ensinai e acreditai no bem e eliminai o mal. Em tudo e em todos esparzi amor e benefícios. Reconciliai-vos com todos, amai aos inimigos; pagai o mal com o bem. Imitai o Pai — sede perfeitos como vosso Pai é perfeito. Dai a quem pede; fazei aos outros o que desejaríeis que os outros vos fizessem. A paz, a justiça, a prosperidade, a felicidade reinarão entre vós quando vos amardes uns aos outros como vos amei. O reino de Deuá pode ser estabelecido mesmo na-terra: ela é a sociedade de homens piedosos e honestos amando a Deus e amando-se entre si.
E — O Espiritismo
O Espiritismo, em consonância com o Cristo, não apregoa revoluções, levantes ou destruição de situações existentes. Apregoa a caridade e a reforma íntima porque, ao praticá-las, e a seguir nos depararmos com os problemas que envolvem as necessidades humanas, veremos que, na sua essência, eles se convertem principalmente em necessidades de aprimoramento pessoal, aculturamento, virtuosidade e, acima de tudo, de muito amor ao próximo.
terça-feira, 17 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Sentimento de culpa leva à autopunição
Sentimento de culpa leva à autopunição
por Rosemeire Zago
"A verdade sai do erro. Por isso nunca tive medo de errar, nem dele me arrependi seriamente"
Essa frase ao lado do psiquiatra suíço C. G. Jung (1875-1961) nos faz refletir sobre muitas coisas... Quase sempre chegamos na verdade ao errarmos. É isso mesmo! Mas, quantos erros cometemos até chegarmos na verdade?
Isso não importa, o que deve importar mesmo é a experiência adquirida e o crescimento obtido. Mas nem sempre temos essa consciência e, na maior parte do tempo, os erros cometidos são transformados em culpas. Alguns passam a vida errando e se culpando; outros sendo vítimas dos erros dos outros, e culpando-os; outros não fazem nada ou em tudo que fazem, são culpados; e outros, ainda para justificarem seus próprios erros, nos culpam. Que loucura, não?
Culpa é o sentimento de ser indigno, mau, ruim, carrega remorso e censura. A culpa é o resultado de muita raiva guardada que se volta contra nós mesmos. Poderíamos resumir assim:
Raiva + mágoas reprimidas = culpa = autopunição
Esse sentimento que corrói nossa alma e que muitas vezes nos impede de sermos nós mesmos, tem muitas variáveis difíceis de se esgotar. Mas podemos refletir sobre alguns aspectos geradores de culpa.
Características de quem sente culpa
- Preocupação excessiva com a opinião dos outros;
- Sente-se mal quando recebe algo, pois na verdade não se considera digno de aceitar o que os outros dão;
- Fala repetidamente sobre o que motivou a sentir culpa;
- Raiva reprimida;
- Dificuldade em assumir responsabilidade pelos próprios atos;
- Sente-se rejeitado;
- Responsabiliza o outro pelo próprio sofrimento;
- Sente-se vítima em algumas ou muitas situações;
- Geralmente se pune ficando doente, ou sendo vítima frequente de acidentes, ou seja, autopunições constantes;
- Dificuldade em expressar os reais sentimentos;
- Não consegue falar 'não';
- Necessidade em agradar;
- Sempre fazendo algo pelos outros e raramente para si mesmo;
- Dificuldade em fazer algo só para si;
- Não consegue administrar o tempo, pois está sempre sobrecarregado;
- Baixa autoestima;
- Falta de amor-próprio.
Você pode se identificar com essas características ou ter outras, o importante é reconhecer que a culpa traz muitas consequências em nosso modo de ser e agir. Perceba como se sente, elevando assim seu autoconhecimento para mudar o que te faz sofrer.
A culpa pode ser gerada pela (o)
- Religião;
- Morte;
- Manipulação;
- Crítica;
- Regras;
- Acusações;
- Repressão;
- Rigidez;
- Inflexibilidade;
- Julgamento;
- Controle;
- Dependência;
- Superproteção;
- Raiva;
- Medo;
- Rejeição;
- Abandono;
- Abusos;
- Mentira;
- Prazer;
- Felicidade;
- Dinheiro;
- Sucesso;
- Expectativa;
- Comparações;
- Necessidade de agradar;
- Comodismo/ falta de atitude;
- Sentimentos de impotência;
- Preconceito;
- Segredos, principalmente entre os familiares.
Aqui estão algumas causas do sentimento de culpa. A origem de sua culpa pode ser outra, ou serem várias. Procure ter a consciência exata da origem do seu sentimento de culpa. Explore um pouco mais sobre o que gerou em você a culpa. Comece perguntando-se: O que me faz sentir culpa? De não ter sido amado? Ter sido rejeitado, abandonado? Ter acreditado que recebia amor, quando na verdade recebia apenas o que acreditava ser amor? Ter sido vítima de maus tratos e abuso sexual ainda criança? Terem me ocultado a verdade, o que me obrigou a acreditar e conviver com a mentira? De não ter sido amado?
Faça uma lista de todas as culpas que você sente, por maior que possa ser a lista, faça! Isso o ajudará a compreender melhor seus sentimentos e conflitos gerados pela culpa. Analise as situações em que aconteceram os fatos e se você efetivamente tinha condições de agir diferente de como agiu. Depois continue sua análise. Onde, quando e por que começou cada uma delas? Quais são as situações que me sinto culpado pelo que fiz ou deixei de fazer? Quais eram meus valores em relação ao assunto quando agi daquela forma? Se fosse hoje minha atitude seria diferente? Como? Quem fazia ou faz com que eu me culpe? Busque a relação da culpa atual com seu histórico de vida. O objetivo desse exercício não é buscar mais culpados, mas explorar os motivos pelos quais ainda se culpa, se responsabilizando pelos seus atos, e mudar o que pode ainda ser mudado, libertando-se desse sentimento que aprisiona e impede o crescimento.
Consequências da culpa
- Autopunição;
- Medo;
- Sofrimento;
- Remorso;
- Estagnação;
- Doença - segundo alguns estudos, a culpa está presente em praticamente a maioria das pessoas portadoras de câncer;
- Tristeza/depressão;
- Submissão;
- Prisão emocional;
- Solidão;
- Dificuldade em impor limites, dizer não;
- Fuga através do álcool, drogas;
- Compulsão alimentar;
- Conflitos internos e nas relações ;
- Dificuldade em sentir prazer;
- Destruição da autoestima e amor-próprio.
As consequências da culpa são muitas, isso ocorre porque com a culpa está sempre presente a necessidade, ainda que inconsciente, de autopunição. É certo que a culpa pode ser um sinal de alerta sobre falta de limite e respeito pelo outro; ou a indicação que é preciso mudar algum padrão de comportamento. Caso contrário, poderá continuar machucando aqueles que lhes são mais caros.
O mais indicado sempre é responsabilizar-se e não se culpar, pois a culpa faz com que permaneçamos no papel de vítima e esse traz apenas estagnação e repetição de padrão, não proporciona crescimento. A responsabilidade faz com que acreditemos na capacidade de mudar. E todos nós temos essa capacidade!
por Rosemeire Zago
"A verdade sai do erro. Por isso nunca tive medo de errar, nem dele me arrependi seriamente"
Essa frase ao lado do psiquiatra suíço C. G. Jung (1875-1961) nos faz refletir sobre muitas coisas... Quase sempre chegamos na verdade ao errarmos. É isso mesmo! Mas, quantos erros cometemos até chegarmos na verdade?
Isso não importa, o que deve importar mesmo é a experiência adquirida e o crescimento obtido. Mas nem sempre temos essa consciência e, na maior parte do tempo, os erros cometidos são transformados em culpas. Alguns passam a vida errando e se culpando; outros sendo vítimas dos erros dos outros, e culpando-os; outros não fazem nada ou em tudo que fazem, são culpados; e outros, ainda para justificarem seus próprios erros, nos culpam. Que loucura, não?
Culpa é o sentimento de ser indigno, mau, ruim, carrega remorso e censura. A culpa é o resultado de muita raiva guardada que se volta contra nós mesmos. Poderíamos resumir assim:
Raiva + mágoas reprimidas = culpa = autopunição
Esse sentimento que corrói nossa alma e que muitas vezes nos impede de sermos nós mesmos, tem muitas variáveis difíceis de se esgotar. Mas podemos refletir sobre alguns aspectos geradores de culpa.
Características de quem sente culpa
- Preocupação excessiva com a opinião dos outros;
- Sente-se mal quando recebe algo, pois na verdade não se considera digno de aceitar o que os outros dão;
- Fala repetidamente sobre o que motivou a sentir culpa;
- Raiva reprimida;
- Dificuldade em assumir responsabilidade pelos próprios atos;
- Sente-se rejeitado;
- Responsabiliza o outro pelo próprio sofrimento;
- Sente-se vítima em algumas ou muitas situações;
- Geralmente se pune ficando doente, ou sendo vítima frequente de acidentes, ou seja, autopunições constantes;
- Dificuldade em expressar os reais sentimentos;
- Não consegue falar 'não';
- Necessidade em agradar;
- Sempre fazendo algo pelos outros e raramente para si mesmo;
- Dificuldade em fazer algo só para si;
- Não consegue administrar o tempo, pois está sempre sobrecarregado;
- Baixa autoestima;
- Falta de amor-próprio.
Você pode se identificar com essas características ou ter outras, o importante é reconhecer que a culpa traz muitas consequências em nosso modo de ser e agir. Perceba como se sente, elevando assim seu autoconhecimento para mudar o que te faz sofrer.
A culpa pode ser gerada pela (o)
- Religião;
- Morte;
- Manipulação;
- Crítica;
- Regras;
- Acusações;
- Repressão;
- Rigidez;
- Inflexibilidade;
- Julgamento;
- Controle;
- Dependência;
- Superproteção;
- Raiva;
- Medo;
- Rejeição;
- Abandono;
- Abusos;
- Mentira;
- Prazer;
- Felicidade;
- Dinheiro;
- Sucesso;
- Expectativa;
- Comparações;
- Necessidade de agradar;
- Comodismo/ falta de atitude;
- Sentimentos de impotência;
- Preconceito;
- Segredos, principalmente entre os familiares.
Aqui estão algumas causas do sentimento de culpa. A origem de sua culpa pode ser outra, ou serem várias. Procure ter a consciência exata da origem do seu sentimento de culpa. Explore um pouco mais sobre o que gerou em você a culpa. Comece perguntando-se: O que me faz sentir culpa? De não ter sido amado? Ter sido rejeitado, abandonado? Ter acreditado que recebia amor, quando na verdade recebia apenas o que acreditava ser amor? Ter sido vítima de maus tratos e abuso sexual ainda criança? Terem me ocultado a verdade, o que me obrigou a acreditar e conviver com a mentira? De não ter sido amado?
Faça uma lista de todas as culpas que você sente, por maior que possa ser a lista, faça! Isso o ajudará a compreender melhor seus sentimentos e conflitos gerados pela culpa. Analise as situações em que aconteceram os fatos e se você efetivamente tinha condições de agir diferente de como agiu. Depois continue sua análise. Onde, quando e por que começou cada uma delas? Quais são as situações que me sinto culpado pelo que fiz ou deixei de fazer? Quais eram meus valores em relação ao assunto quando agi daquela forma? Se fosse hoje minha atitude seria diferente? Como? Quem fazia ou faz com que eu me culpe? Busque a relação da culpa atual com seu histórico de vida. O objetivo desse exercício não é buscar mais culpados, mas explorar os motivos pelos quais ainda se culpa, se responsabilizando pelos seus atos, e mudar o que pode ainda ser mudado, libertando-se desse sentimento que aprisiona e impede o crescimento.
Consequências da culpa
- Autopunição;
- Medo;
- Sofrimento;
- Remorso;
- Estagnação;
- Doença - segundo alguns estudos, a culpa está presente em praticamente a maioria das pessoas portadoras de câncer;
- Tristeza/depressão;
- Submissão;
- Prisão emocional;
- Solidão;
- Dificuldade em impor limites, dizer não;
- Fuga através do álcool, drogas;
- Compulsão alimentar;
- Conflitos internos e nas relações ;
- Dificuldade em sentir prazer;
- Destruição da autoestima e amor-próprio.
As consequências da culpa são muitas, isso ocorre porque com a culpa está sempre presente a necessidade, ainda que inconsciente, de autopunição. É certo que a culpa pode ser um sinal de alerta sobre falta de limite e respeito pelo outro; ou a indicação que é preciso mudar algum padrão de comportamento. Caso contrário, poderá continuar machucando aqueles que lhes são mais caros.
O mais indicado sempre é responsabilizar-se e não se culpar, pois a culpa faz com que permaneçamos no papel de vítima e esse traz apenas estagnação e repetição de padrão, não proporciona crescimento. A responsabilidade faz com que acreditemos na capacidade de mudar. E todos nós temos essa capacidade!
CONFLITOS DE CULPA
CONFLITOS DE CULPA
Atualmente percebe-se um grande número de pessoas, principalmente de jovens, que carregam consigo o sentimento de culpa e os seus conflitos.
Muitas podem ser as causas de tal questão:
• Registros no inconsciente profundo, resultantes de comportamentos inadequados ou destrutivo em outras existências ou na atual;
• ” Ignorância medieval ” nele ainda remanescente, que a tudo quanto ignorava, por parecer aético ou imoral, transformava em pecado, culpa imundice, propiciando sentimentos ultrajantes e vergonhosos àqueles que passavam pelas experiências dignas de punição;
• Convivência doentia com pais neuróticos e irritados, que gritam e acusam, que maltratam e agridem a criança que, se sentindo impossibilitada de tolerá-los ,foge-lhes da presença, refugiando-se no seu quarto ou no mundo particular da imaginação
Quando se trata dos registros no inconsciente profundo, inadvertidamente o paciente experimenta a desagradável sensação de haver escamoteado a verdade ou agido erradamente, sem que ninguém tivesse idéia ou conhecimento dos seus atos reprocháveis. Porque os dissimulou com vigor ou conseguiu nega-los com veemência, permanece-lhe a crença subjacente de que, num ou noutro momento pode ser chamado à prestação de contas ou ser desmascarado, tombando em descrédito ou sofrendo a zombaria de quem hoje lhe oferece confiança e amizade.
Acoimado pela culpa, foge dos relacionamentos de qualquer natureza, cultiva o mau humor, processa erradamente o que houve, sempre considerando que todas as queixas e reprimendas, advertências e observações que o alcançam têm por meta censurá-lo, humilhá-lo, estigmatizá-lo…
No que diz respeito à “ignorância medieval” ocorre a vergonha de si mesmo assomando ainda hoje como sinal de permanência emocional nos dias sombrios da intolerância, considerando ignóbil ou vulgar, promíscuo ou sujo, todo e qualquer comportamento menos adequado ou mais primitivo, e assim se eximindo de culpa. Devido a esse comportamento emocional, tem dificuldade em assumir a responsabilidade pelos seus erros, enganos e equívocos, tendo ainda sempre desculpas para justificar o que considera reprovável.
Muitos pais acusam os filhos de ser um peso nas suas vidas ou responsável pelos problemas e transtornos que experimentam, passa a sentir culpa, de que não consegue liberar-se, prosseguindo numa adolescência incompleta, na qual surge a vergonha da própria sexualidade, por parecer-lhe algo impuro.
Quando a culpa aparecer no indivíduo deve-se assumi-la e trabalhar com naturalidade, o sentimento de perdão e compreensão aos pais e aos fatores que trabalharam para a sua instalação facultam-lhe o desaparecimento paulatino até a total desintegração.
O hábito saudável de aceitar-se como se encontra libera da autocrítica recriminatória, portanto, autopunitiva.
Bibliografia:
O Despertar Do Espírito Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis
Atualmente percebe-se um grande número de pessoas, principalmente de jovens, que carregam consigo o sentimento de culpa e os seus conflitos.
Muitas podem ser as causas de tal questão:
• Registros no inconsciente profundo, resultantes de comportamentos inadequados ou destrutivo em outras existências ou na atual;
• ” Ignorância medieval ” nele ainda remanescente, que a tudo quanto ignorava, por parecer aético ou imoral, transformava em pecado, culpa imundice, propiciando sentimentos ultrajantes e vergonhosos àqueles que passavam pelas experiências dignas de punição;
• Convivência doentia com pais neuróticos e irritados, que gritam e acusam, que maltratam e agridem a criança que, se sentindo impossibilitada de tolerá-los ,foge-lhes da presença, refugiando-se no seu quarto ou no mundo particular da imaginação
Quando se trata dos registros no inconsciente profundo, inadvertidamente o paciente experimenta a desagradável sensação de haver escamoteado a verdade ou agido erradamente, sem que ninguém tivesse idéia ou conhecimento dos seus atos reprocháveis. Porque os dissimulou com vigor ou conseguiu nega-los com veemência, permanece-lhe a crença subjacente de que, num ou noutro momento pode ser chamado à prestação de contas ou ser desmascarado, tombando em descrédito ou sofrendo a zombaria de quem hoje lhe oferece confiança e amizade.
Acoimado pela culpa, foge dos relacionamentos de qualquer natureza, cultiva o mau humor, processa erradamente o que houve, sempre considerando que todas as queixas e reprimendas, advertências e observações que o alcançam têm por meta censurá-lo, humilhá-lo, estigmatizá-lo…
No que diz respeito à “ignorância medieval” ocorre a vergonha de si mesmo assomando ainda hoje como sinal de permanência emocional nos dias sombrios da intolerância, considerando ignóbil ou vulgar, promíscuo ou sujo, todo e qualquer comportamento menos adequado ou mais primitivo, e assim se eximindo de culpa. Devido a esse comportamento emocional, tem dificuldade em assumir a responsabilidade pelos seus erros, enganos e equívocos, tendo ainda sempre desculpas para justificar o que considera reprovável.
Muitos pais acusam os filhos de ser um peso nas suas vidas ou responsável pelos problemas e transtornos que experimentam, passa a sentir culpa, de que não consegue liberar-se, prosseguindo numa adolescência incompleta, na qual surge a vergonha da própria sexualidade, por parecer-lhe algo impuro.
Quando a culpa aparecer no indivíduo deve-se assumi-la e trabalhar com naturalidade, o sentimento de perdão e compreensão aos pais e aos fatores que trabalharam para a sua instalação facultam-lhe o desaparecimento paulatino até a total desintegração.
O hábito saudável de aceitar-se como se encontra libera da autocrítica recriminatória, portanto, autopunitiva.
Bibliografia:
O Despertar Do Espírito Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis
ARREPENDIMENTO E CULPA - PALESTRA
ARREPENDIMENTO E CULPA - PALESTRA
Fonte: “Considerando o Arrependimento” do livro Leis Morais da Vida – Item 11 – Divaldo Pereira Franco/Espírito Joanna de Ângelis
Antes mesmo de adentrarmos no âmbito espírita da questão arrependimento cabe a nós lembrar que nem todos têm em mente o pensamento sólido que Cristo veio pregar de Perdão, Amor e Caridade. Justamente por estarmos ainda em um planeta de Provas e Expiações que ainda vemos muitos arraigados a sentimentos de vingança.
Quantos ainda não dizem:
Arrependo-me de não ter me vingado!
Devia ter pago na mesma moeda, arrependo-me disto ou daquilo...
Esquecendo-se completamente da lei da Ação e Reação e na Divina Providência.
Se alguém nos feriu devemos perdoar, se ainda não conseguimos que eu alce vôo à prece e peça ao menos para esquecer o mal feito. Mas não vale dizer: “Deus tarda mais não falha... !!!” como alguns dizem também “Perdôo mas sei que a Justiça vem a cavalo”
O que significa o Arrependimento para o Espírito
Allan Kardec no livro dos Espíritos ao questionar os espíritos sobre a necessidade do arrependimento tem a sábia resposta de que o arrependimento já é uma característica de evolução do espírito.
Quando o homem já tem consciência de que cometeu algum equívoco é porque já está crescendo moralmente.
Segundo instruções recebidas de nossos amigos evoluídos, Allan Kardec caracteriza o arrependimento em três traços: desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação.
Mas o que é arrependimento?
Se buscarmos na psicologia profunda de Freud o arrependimento estará paralelamente agregado ao sentimento de culpa por alguma coisa errada que o homem pratica e adquire ciência.
Muitos são os que se encarceram neste sentimento de culpa e arrependimento, mas nada fazem para corrigir/superar e passam uma vida inteira sofrendo seu equívoco sem saírem do lugar como que estacionados.
EX.: “Depressão, causas, conseqüências e tratamento” – Izaias Claro no cap. Intitulado “Sentimento de culpa” narra que certa ocasião, após terminar uma de suas preleções uma senhora o procura e conta que ela sofria com um sentimento de culpa que carregava sozinha há 50 anos... Quando tinha 22 anos, na década de 40 ela havia ficado noiva de um rapaz e antes do casamento tiveram relações íntimas e ela ficará grávida, mas quando contou ao rapaz este he devolveu a aliança dizendo que não confiava que o filho fosse dele. Com medo da repressão da época optou por tirar o menino que levava no ventre e desde então nunca mais tivera paz. Nunca mais tivera outro relacionamento e morria de remorso pelo mal feito!
Vejam que exemplo típico de um espírito endividado, mas que ele próprio já se auto-punira!!! Quando que o Espiritismo nos auxilia muito nestes casos dizendo que precisamos também nos auto-perdoar e corrigir o mal feito... Tal senhora poderia ter se dedicado a trabalhar em um orfanato ou em qualquer outra atividade no bem e no amor a fim de ressarcir o débito do passado. Todos nós sabemos que Deus é um pai misericordioso e que neste caso a moça errou por desconhecer a lei maior, na época.
Voltando ás características que giram em torno do arrependimento, DESEJO DE MELHORA:
Não é tão simples assim porque o desejo de melhorar implica em reconhecer a própria dificuldade moral, “reconhecer a própria sombra” como fala Ermance Dufaux no livro “Reforma Íntima sem martírios”
E é fato que não há outro caminho para nosso aprimoramento moral senão reconhecermo-nos imperfeitos ainda. Precisamos, a cada dia, nos encorajarmo-nos a nossa auto-melhora.
Gosto muito do episódio do E.S.E. quando Santo Agostinho ensina que todos os dias, antes de dormirmos, devemos refletir sobre tudo o que fizemos de bom e de ruim e repetir o bem feito, mas tratar de corrigir o mal logo que nos for possível.
Lembrando a parábola de nosso Mestre Jesus que, antes de deitarmos qualquer oferenda ao Pai, que nos reconciliemos com nossos irmãos. Somente assim seremos dignos de dádivas e perdão.
E o espiritismo é uma Doutrina bastante lógica que nos leva sempre à razão mostrando-nos, todos os dias, com inúmeros exemplos de como a lei da ação e reação é perfeita como Deus o é.
O segundo ponto importante, que os Espíritos nos apontam é justamente o SENTIMENTO DE CULPA:
E os espíritos colocam claramente que no estágio em que nos encontrarmos não fosse à culpa não sairíamos do lugar. É justamente o sentimento de culpa que impulsiona o homem a sua evolução e progresso.
Lado ruim da culpa: é o caso da senhora que narramos do livro de Izaias Claro, sentiu-se culpada, mas nada fez para ressarcir o erro, por ignorância do espírito. Deveria ter procurado ajuda, buscado orientação... Nossos erros nos devem servir de apoio para o nosso futuro e não de cárcere mental ou espiritual.
Ex.: No livro “Nosso Lar” – André Luiz no cap. 40 narra o episódio comovente do encontro de André com Elisa, uma antiga empregada de sua casa quando ainda era jovem... A moça fora trabalhar em sua residência quando ele era muito jovem e ele a envolveu e a moça entregou-se aos seus encantos. Na época seu pai havia percebido o mal feito e despediu a moça. A.Luiz nunca mais soube dela.
Mas como sabemos da lei da Ação e Reação André Luiz encontrou esta moça nas câmaras de retificação cega e muito judiada pelas dores que deve ter passado. André pede a Narcisa auxilio e é instruído a ajudar a moça. Com sentimento grande de culpa, compaixão e vontade de ressarcir o seu erro do pretérito André aproxima-se de moça e descobre que depois que saiu de sua residência passou a vender o corpo e adquiriu sífilis chegando à pobreza, cegueira e óbito... A dor que André sentira ao ouvir a narrativa fora profunda e com ajuda de Narcisa pode ajudar a moça a sua recuperação oferecendo-lhe seu amor e amparo.
Vemos neste capitulo de Nosso Lar a grande lição de que sempre teremos oportunidade de ressarcimento deste ou daquele erro... Senão nesta vida, nas próximas e porque não no próprio plano espiritual como narra o Livro Nosso Lar. Mostrando que a providencia Divina não desampara ninguém.
O terceiro aspecto para promover o equilíbrio no processo do arrependimento seria O ESFORÇO, aliado a vontade e desejo de reparar todo e qualquer equívoco.
Isto nos faz lembrar Paulo de Tarso que disse “ A mim, que fui antes recrimino, perseguidor e injuriador, mas alcancei a misericórdia de Deus porque o fiz por ignorância e por ser incrédulo”.
Todos nós sabemos que Paulo era antes Saulo o Soldado que perseguia Jesus e passou a segui-lo após cair em si e enxergar o que antes seus olhos não viam.
Mas diante de nós há ainda muitos cegos de sua real condição, arraigados ao personalismo, confundindo a luz à treva... Quantos de nós não observamos que todos os dias este ou aquele se faz orgulhoso e vaidoso deste ou daquele cargo ou função? Sábio de nós se mantivermo-nos apenas atentos ao aprendizado...
Ex.: Dia destes a Internet mostrou um Juiz que demitiu um estudante de direito porque este estava muito próximo ao caixa automático enquanto ele tirava dinheiro... O Juiz irritou-se com a distância em que o rapaz se colocou (...) Abuso total de autoridade!
É comum vermos pessoas que não cumprimentam funcionários mais humildes como porteiro, faxineiros etc. Principalmente quando se encontram junto de pessoas que julgam mais importantes!
Nas casas religiosas, espíritas ou não também não fugimos à regra ao observarmos vaidosos de seus conhecimentos rígidos aos livros religiosos deste ou daquele seguimento. Pessoas afiadíssimas em lançar críticas destrutivas neste ou naquele trabalhador menos conhecedor.
Cabe-nos tirarmos os véus que nos encobrem não somente nossos olhos, mas nossa alma ou seremos como IRMÃO JACCOB no livro Voltei que embora trabalhador espírita dedicado demorasse muito tempo para enxergar-se na luz.
No livro “O Céu e o Inferno” Kardec afirma que somente ocorrerá a regeneração do Espírito quando este atingir as Três condições necessárias para apagar os traços de seu erro. Ou seja, arrependimento, expiação e reparação.
Lembrando que nem sempre precisamos sofrer a dor e nos auto punirmos com o não perdão... Façamos o que os Espíritos nos instruíram, alcemos vôo à prática da Caridade e Amor ao próximo.
Lembrando que a cada qual sabe da necessidade deste ou daquele remédio.
Ex.: No livro “Reforma ìntima sem martírios¨ - Ermance Dufaux no cap. 5 narra um fato onde um excelente trabalhador de uma casa espírita se via perturbado com os freqüentes pensamentos equivocados voltados a sexualidade... Sr.Agenor Pereira era casado e estava sempre á frente de situações que para outro homem que não conhecedor da Doutrina já teria levado seu casamento à ruína. Sr.Agenor, entretanto passou a fazer vibrações constantes para que não caísse nas sendas da tentação e um dia fora levado ao Plano Maior e fora mostrado que durante muitas encarnações estivera envolto as arremetidas do mal cometendo adultério, destruindo famílias e agora estaria diante de situações para que fosse provado... Quando Sr.Agenor acordo do sono que fora acometido entendera, entretanto a razão das constantes dificuldades neste âmbito da sexualidade.
Outro detalhe que a autora espiritual Joanna de Ângelis nos quisera chamar atenção fora justamente o concurso da Prece em todo e qualquer problema que estejamos envoltos. Vejam no caso do Sr.Agenor que o concurso da prece o salvará de recalcitrar nos erros do passado.
Quando a Dor insiste em bater nossa Porta
Não percamos nunca a esperança de estarmos mais felizes logo mais, não importa o erro que cometi, a dor que estou sentindo...
Amanhã o Sol brilhará certamente,
Haverão mais estrelas no céu do que hoje,
E certamente menos lágrimas do que ontem porque Deus é maior do que tudo e eu como seu filho não poderei desistir jamais!
Muito obrigada por sua atenção. Paz e Luz a todos!
Fonte: “Considerando o Arrependimento” do livro Leis Morais da Vida – Item 11 – Divaldo Pereira Franco/Espírito Joanna de Ângelis
Antes mesmo de adentrarmos no âmbito espírita da questão arrependimento cabe a nós lembrar que nem todos têm em mente o pensamento sólido que Cristo veio pregar de Perdão, Amor e Caridade. Justamente por estarmos ainda em um planeta de Provas e Expiações que ainda vemos muitos arraigados a sentimentos de vingança.
Quantos ainda não dizem:
Arrependo-me de não ter me vingado!
Devia ter pago na mesma moeda, arrependo-me disto ou daquilo...
Esquecendo-se completamente da lei da Ação e Reação e na Divina Providência.
Se alguém nos feriu devemos perdoar, se ainda não conseguimos que eu alce vôo à prece e peça ao menos para esquecer o mal feito. Mas não vale dizer: “Deus tarda mais não falha... !!!” como alguns dizem também “Perdôo mas sei que a Justiça vem a cavalo”
O que significa o Arrependimento para o Espírito
Allan Kardec no livro dos Espíritos ao questionar os espíritos sobre a necessidade do arrependimento tem a sábia resposta de que o arrependimento já é uma característica de evolução do espírito.
Quando o homem já tem consciência de que cometeu algum equívoco é porque já está crescendo moralmente.
Segundo instruções recebidas de nossos amigos evoluídos, Allan Kardec caracteriza o arrependimento em três traços: desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação.
Mas o que é arrependimento?
Se buscarmos na psicologia profunda de Freud o arrependimento estará paralelamente agregado ao sentimento de culpa por alguma coisa errada que o homem pratica e adquire ciência.
Muitos são os que se encarceram neste sentimento de culpa e arrependimento, mas nada fazem para corrigir/superar e passam uma vida inteira sofrendo seu equívoco sem saírem do lugar como que estacionados.
EX.: “Depressão, causas, conseqüências e tratamento” – Izaias Claro no cap. Intitulado “Sentimento de culpa” narra que certa ocasião, após terminar uma de suas preleções uma senhora o procura e conta que ela sofria com um sentimento de culpa que carregava sozinha há 50 anos... Quando tinha 22 anos, na década de 40 ela havia ficado noiva de um rapaz e antes do casamento tiveram relações íntimas e ela ficará grávida, mas quando contou ao rapaz este he devolveu a aliança dizendo que não confiava que o filho fosse dele. Com medo da repressão da época optou por tirar o menino que levava no ventre e desde então nunca mais tivera paz. Nunca mais tivera outro relacionamento e morria de remorso pelo mal feito!
Vejam que exemplo típico de um espírito endividado, mas que ele próprio já se auto-punira!!! Quando que o Espiritismo nos auxilia muito nestes casos dizendo que precisamos também nos auto-perdoar e corrigir o mal feito... Tal senhora poderia ter se dedicado a trabalhar em um orfanato ou em qualquer outra atividade no bem e no amor a fim de ressarcir o débito do passado. Todos nós sabemos que Deus é um pai misericordioso e que neste caso a moça errou por desconhecer a lei maior, na época.
Voltando ás características que giram em torno do arrependimento, DESEJO DE MELHORA:
Não é tão simples assim porque o desejo de melhorar implica em reconhecer a própria dificuldade moral, “reconhecer a própria sombra” como fala Ermance Dufaux no livro “Reforma Íntima sem martírios”
E é fato que não há outro caminho para nosso aprimoramento moral senão reconhecermo-nos imperfeitos ainda. Precisamos, a cada dia, nos encorajarmo-nos a nossa auto-melhora.
Gosto muito do episódio do E.S.E. quando Santo Agostinho ensina que todos os dias, antes de dormirmos, devemos refletir sobre tudo o que fizemos de bom e de ruim e repetir o bem feito, mas tratar de corrigir o mal logo que nos for possível.
Lembrando a parábola de nosso Mestre Jesus que, antes de deitarmos qualquer oferenda ao Pai, que nos reconciliemos com nossos irmãos. Somente assim seremos dignos de dádivas e perdão.
E o espiritismo é uma Doutrina bastante lógica que nos leva sempre à razão mostrando-nos, todos os dias, com inúmeros exemplos de como a lei da ação e reação é perfeita como Deus o é.
O segundo ponto importante, que os Espíritos nos apontam é justamente o SENTIMENTO DE CULPA:
E os espíritos colocam claramente que no estágio em que nos encontrarmos não fosse à culpa não sairíamos do lugar. É justamente o sentimento de culpa que impulsiona o homem a sua evolução e progresso.
Lado ruim da culpa: é o caso da senhora que narramos do livro de Izaias Claro, sentiu-se culpada, mas nada fez para ressarcir o erro, por ignorância do espírito. Deveria ter procurado ajuda, buscado orientação... Nossos erros nos devem servir de apoio para o nosso futuro e não de cárcere mental ou espiritual.
Ex.: No livro “Nosso Lar” – André Luiz no cap. 40 narra o episódio comovente do encontro de André com Elisa, uma antiga empregada de sua casa quando ainda era jovem... A moça fora trabalhar em sua residência quando ele era muito jovem e ele a envolveu e a moça entregou-se aos seus encantos. Na época seu pai havia percebido o mal feito e despediu a moça. A.Luiz nunca mais soube dela.
Mas como sabemos da lei da Ação e Reação André Luiz encontrou esta moça nas câmaras de retificação cega e muito judiada pelas dores que deve ter passado. André pede a Narcisa auxilio e é instruído a ajudar a moça. Com sentimento grande de culpa, compaixão e vontade de ressarcir o seu erro do pretérito André aproxima-se de moça e descobre que depois que saiu de sua residência passou a vender o corpo e adquiriu sífilis chegando à pobreza, cegueira e óbito... A dor que André sentira ao ouvir a narrativa fora profunda e com ajuda de Narcisa pode ajudar a moça a sua recuperação oferecendo-lhe seu amor e amparo.
Vemos neste capitulo de Nosso Lar a grande lição de que sempre teremos oportunidade de ressarcimento deste ou daquele erro... Senão nesta vida, nas próximas e porque não no próprio plano espiritual como narra o Livro Nosso Lar. Mostrando que a providencia Divina não desampara ninguém.
O terceiro aspecto para promover o equilíbrio no processo do arrependimento seria O ESFORÇO, aliado a vontade e desejo de reparar todo e qualquer equívoco.
Isto nos faz lembrar Paulo de Tarso que disse “ A mim, que fui antes recrimino, perseguidor e injuriador, mas alcancei a misericórdia de Deus porque o fiz por ignorância e por ser incrédulo”.
Todos nós sabemos que Paulo era antes Saulo o Soldado que perseguia Jesus e passou a segui-lo após cair em si e enxergar o que antes seus olhos não viam.
Mas diante de nós há ainda muitos cegos de sua real condição, arraigados ao personalismo, confundindo a luz à treva... Quantos de nós não observamos que todos os dias este ou aquele se faz orgulhoso e vaidoso deste ou daquele cargo ou função? Sábio de nós se mantivermo-nos apenas atentos ao aprendizado...
Ex.: Dia destes a Internet mostrou um Juiz que demitiu um estudante de direito porque este estava muito próximo ao caixa automático enquanto ele tirava dinheiro... O Juiz irritou-se com a distância em que o rapaz se colocou (...) Abuso total de autoridade!
É comum vermos pessoas que não cumprimentam funcionários mais humildes como porteiro, faxineiros etc. Principalmente quando se encontram junto de pessoas que julgam mais importantes!
Nas casas religiosas, espíritas ou não também não fugimos à regra ao observarmos vaidosos de seus conhecimentos rígidos aos livros religiosos deste ou daquele seguimento. Pessoas afiadíssimas em lançar críticas destrutivas neste ou naquele trabalhador menos conhecedor.
Cabe-nos tirarmos os véus que nos encobrem não somente nossos olhos, mas nossa alma ou seremos como IRMÃO JACCOB no livro Voltei que embora trabalhador espírita dedicado demorasse muito tempo para enxergar-se na luz.
No livro “O Céu e o Inferno” Kardec afirma que somente ocorrerá a regeneração do Espírito quando este atingir as Três condições necessárias para apagar os traços de seu erro. Ou seja, arrependimento, expiação e reparação.
Lembrando que nem sempre precisamos sofrer a dor e nos auto punirmos com o não perdão... Façamos o que os Espíritos nos instruíram, alcemos vôo à prática da Caridade e Amor ao próximo.
Lembrando que a cada qual sabe da necessidade deste ou daquele remédio.
Ex.: No livro “Reforma ìntima sem martírios¨ - Ermance Dufaux no cap. 5 narra um fato onde um excelente trabalhador de uma casa espírita se via perturbado com os freqüentes pensamentos equivocados voltados a sexualidade... Sr.Agenor Pereira era casado e estava sempre á frente de situações que para outro homem que não conhecedor da Doutrina já teria levado seu casamento à ruína. Sr.Agenor, entretanto passou a fazer vibrações constantes para que não caísse nas sendas da tentação e um dia fora levado ao Plano Maior e fora mostrado que durante muitas encarnações estivera envolto as arremetidas do mal cometendo adultério, destruindo famílias e agora estaria diante de situações para que fosse provado... Quando Sr.Agenor acordo do sono que fora acometido entendera, entretanto a razão das constantes dificuldades neste âmbito da sexualidade.
Outro detalhe que a autora espiritual Joanna de Ângelis nos quisera chamar atenção fora justamente o concurso da Prece em todo e qualquer problema que estejamos envoltos. Vejam no caso do Sr.Agenor que o concurso da prece o salvará de recalcitrar nos erros do passado.
Quando a Dor insiste em bater nossa Porta
Não percamos nunca a esperança de estarmos mais felizes logo mais, não importa o erro que cometi, a dor que estou sentindo...
Amanhã o Sol brilhará certamente,
Haverão mais estrelas no céu do que hoje,
E certamente menos lágrimas do que ontem porque Deus é maior do que tudo e eu como seu filho não poderei desistir jamais!
Muito obrigada por sua atenção. Paz e Luz a todos!
Fenômenos do arrependimento em face da culpa e da expiação
JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito Federal (Brasil)
Fenômenos do arrependimento em face da culpa e da expiação
Para o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira "arrependimento" é uma insatisfação causada por violação de lei ou de conduta moral, e que resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. (1) Essa é a definição da ética e se refere mais particularmente à lei e à moral humanas. No aspecto religioso, define-se pela intensificação dos matizes de remorso que se instala na consciência ao ensejo de erro cometido e que pode impulsionar ao desiderato de mudança de comportamento e ao desejo de penitenciar-se. (2)
Pela invigilância precipitamos nas síndromes de culpa [considerada aqui como uma falta voluntária a uma obrigação, ou a um princípio ético] (3), irrompendo de súbito o remorso tisnado de múltiplos aspectos, impondo manchas de sombra à tecitura sutil do perispírito. Este estado de contrição, incessantemente potencializado pelo pulsar das reminiscências denegridas, consubstancia-se num vórtice mental, intoxicando-nos, pouco a pouco, espraiando ao nosso redor um halo contaminado pela desarmonia íntima, corrompendo, não raro, a psicosfera espiritual de quem compartilha nossa companhia. Este fenômeno psíquico se constitui do martírio da consciência e, por essa razão, densas e sombrias forças de angústias se insinuam.
Diversas pessoas moderadas, muitas vezes, por invigilância, tornam vítimas quase inermes do pensamento impetuoso, tornando-os mais acicatados na consciência do que os imprudentes. Muitas vezes sob o guante da excitação momentânea, que caracteriza a impulsividade, deixam-se abater por inconsolável arrependimento, dando azo a um angustioso impacto de inquietação da consciência ante a condição tardia para desfazer o equívoco consumado.
É importante também sabermos que após cometermos um erro conscientemente, este pode propagar em nós a possibilidade de reabilitação, razão pelo qual não devemos nos entregar apáticos ao desalento ou remorso anestesiante. Por todos os motivos possíveis precisamos nos acautelar contra as atitudes intempestivas. Fujamos dos propósitos inferiores sob pena de mais tarde inevitavelmente sermos consumidos pela aflitiva sensação de contrição psíquica.
Ajuizemos quanto à direção dos próprios passos, de maneira a evitarmos o nevoeiro da aflição sob o acicate do pesar profundo que permanecerá em nós, advertindo sobre o mal praticado. Urge desse modo, a busca do autoperdão, da auto-aceitação, da auto-estima estimulada pelo esforço de reequilibro espiritual, a fim de minimizar os reparos dos danos causados.
Os reveses da vida física podem significar penitências dos equívocos do passado e, ao mesmo tempo, experiências provacionais presentes, delineando o porvir. Desse modo, depreende-se que da dimensão de tais desventuras se possam inferir qual gênero foi a jornada reencarnatória anterior. Freqüentemente é isso possível, pois que cada um é corrigido naquilo por onde errou. Todavia, não há como interpretar daí uma regra universal. As tendências e fortes pendores instintivos constituem indício mais seguro, posto que os testemunhos por que passa o Espírito o são, tanto pelo que tange ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.
Consoante as lições kardecianas, a duração da expiação, para qualquer transgressão, é indeterminada e está atrelada ao arrependimento do culpado com o conseqüente retorno ao bem. A punição permanece de acordo com a obstinação no mal, e seria infindo se a obstinação fosse permanente; e de rápida duração se o arrependimento surge imediatamente. Diante disso, e como a consciência nunca dorme, somos constrangidos a ser juízes da própria sorte, podendo abreviar o suplício ou prolongá-lo indefinidamente. Nossa felicidade, ou infelicidade, depende da vontade de fazermos o bem. E, nesse contexto, a submissão paciente aos sofrimentos da vida é atitude de alto relevo para a consumação da quitação do débito contraído.
Nunca será redundante repetir-se que, assim como pensamos e agimos, edificaremos a existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido. Suportar a dor da culpa e aproveitá-la para meditar, para orar, para se aproximar de Deus é a expressão da sabedoria, até porque Jesus nunca nos abandona, e espera de nós a atitude mais austera e sincera. Sofrendo a punição, que suplanta o orgulho, o egoísmo, podemos ter a certeza de estar galgando superiores degraus na escala do crescimento espiritual. (4)
Lembremo-nos, em suma, do ensinamento do Mestre, "vigiando e orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda”. (5) Arrostemos, pois, o tormento do remorso, da consciência culpada, com denodo, resignação e sobretudo comprometidos com a reforma íntima. É tarefa fácil?... Não! É difícil?... Bastante! Um dos grandes desafios para nós. Mas é justamente no momento de acérrimas expiações que demonstramos ao Senhor da Vida a expressão do avanço moral sob o influxo da resignação que nos conduzirá à placidez da consciência retificada.
FONTES:
1- Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, editora Nova Fronteira, 2004.
2- "O Livro dos Espíritos, QUESTÃO. 999". "O arrependimento auxilia a melhora do Espírito, porém, o erro deve ser expiado".
3- Culpa e arrependimento geralmente estão associadas aos conceitos de castigos ou recompensas de acordo com a idéia de Deus incutida em nossa mente, por causa da educação religiosa que recebemos.
4- Na q. 171 de "O Livro dos Espíritos", os Espíritos superiores nos dizem que "o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento". Assim, podemos conceber que Deus também nos oferece todas as ferramentas necessárias para refazermos o caminho, e buscarmos a nossa felicidade.
5- Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2004, Cap.110.
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito Federal (Brasil)
Fenômenos do arrependimento em face da culpa e da expiação
Para o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira "arrependimento" é uma insatisfação causada por violação de lei ou de conduta moral, e que resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. (1) Essa é a definição da ética e se refere mais particularmente à lei e à moral humanas. No aspecto religioso, define-se pela intensificação dos matizes de remorso que se instala na consciência ao ensejo de erro cometido e que pode impulsionar ao desiderato de mudança de comportamento e ao desejo de penitenciar-se. (2)
Pela invigilância precipitamos nas síndromes de culpa [considerada aqui como uma falta voluntária a uma obrigação, ou a um princípio ético] (3), irrompendo de súbito o remorso tisnado de múltiplos aspectos, impondo manchas de sombra à tecitura sutil do perispírito. Este estado de contrição, incessantemente potencializado pelo pulsar das reminiscências denegridas, consubstancia-se num vórtice mental, intoxicando-nos, pouco a pouco, espraiando ao nosso redor um halo contaminado pela desarmonia íntima, corrompendo, não raro, a psicosfera espiritual de quem compartilha nossa companhia. Este fenômeno psíquico se constitui do martírio da consciência e, por essa razão, densas e sombrias forças de angústias se insinuam.
Diversas pessoas moderadas, muitas vezes, por invigilância, tornam vítimas quase inermes do pensamento impetuoso, tornando-os mais acicatados na consciência do que os imprudentes. Muitas vezes sob o guante da excitação momentânea, que caracteriza a impulsividade, deixam-se abater por inconsolável arrependimento, dando azo a um angustioso impacto de inquietação da consciência ante a condição tardia para desfazer o equívoco consumado.
É importante também sabermos que após cometermos um erro conscientemente, este pode propagar em nós a possibilidade de reabilitação, razão pelo qual não devemos nos entregar apáticos ao desalento ou remorso anestesiante. Por todos os motivos possíveis precisamos nos acautelar contra as atitudes intempestivas. Fujamos dos propósitos inferiores sob pena de mais tarde inevitavelmente sermos consumidos pela aflitiva sensação de contrição psíquica.
Ajuizemos quanto à direção dos próprios passos, de maneira a evitarmos o nevoeiro da aflição sob o acicate do pesar profundo que permanecerá em nós, advertindo sobre o mal praticado. Urge desse modo, a busca do autoperdão, da auto-aceitação, da auto-estima estimulada pelo esforço de reequilibro espiritual, a fim de minimizar os reparos dos danos causados.
Os reveses da vida física podem significar penitências dos equívocos do passado e, ao mesmo tempo, experiências provacionais presentes, delineando o porvir. Desse modo, depreende-se que da dimensão de tais desventuras se possam inferir qual gênero foi a jornada reencarnatória anterior. Freqüentemente é isso possível, pois que cada um é corrigido naquilo por onde errou. Todavia, não há como interpretar daí uma regra universal. As tendências e fortes pendores instintivos constituem indício mais seguro, posto que os testemunhos por que passa o Espírito o são, tanto pelo que tange ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.
Consoante as lições kardecianas, a duração da expiação, para qualquer transgressão, é indeterminada e está atrelada ao arrependimento do culpado com o conseqüente retorno ao bem. A punição permanece de acordo com a obstinação no mal, e seria infindo se a obstinação fosse permanente; e de rápida duração se o arrependimento surge imediatamente. Diante disso, e como a consciência nunca dorme, somos constrangidos a ser juízes da própria sorte, podendo abreviar o suplício ou prolongá-lo indefinidamente. Nossa felicidade, ou infelicidade, depende da vontade de fazermos o bem. E, nesse contexto, a submissão paciente aos sofrimentos da vida é atitude de alto relevo para a consumação da quitação do débito contraído.
Nunca será redundante repetir-se que, assim como pensamos e agimos, edificaremos a existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido. Suportar a dor da culpa e aproveitá-la para meditar, para orar, para se aproximar de Deus é a expressão da sabedoria, até porque Jesus nunca nos abandona, e espera de nós a atitude mais austera e sincera. Sofrendo a punição, que suplanta o orgulho, o egoísmo, podemos ter a certeza de estar galgando superiores degraus na escala do crescimento espiritual. (4)
Lembremo-nos, em suma, do ensinamento do Mestre, "vigiando e orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda”. (5) Arrostemos, pois, o tormento do remorso, da consciência culpada, com denodo, resignação e sobretudo comprometidos com a reforma íntima. É tarefa fácil?... Não! É difícil?... Bastante! Um dos grandes desafios para nós. Mas é justamente no momento de acérrimas expiações que demonstramos ao Senhor da Vida a expressão do avanço moral sob o influxo da resignação que nos conduzirá à placidez da consciência retificada.
FONTES:
1- Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, editora Nova Fronteira, 2004.
2- "O Livro dos Espíritos, QUESTÃO. 999". "O arrependimento auxilia a melhora do Espírito, porém, o erro deve ser expiado".
3- Culpa e arrependimento geralmente estão associadas aos conceitos de castigos ou recompensas de acordo com a idéia de Deus incutida em nossa mente, por causa da educação religiosa que recebemos.
4- Na q. 171 de "O Livro dos Espíritos", os Espíritos superiores nos dizem que "o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento". Assim, podemos conceber que Deus também nos oferece todas as ferramentas necessárias para refazermos o caminho, e buscarmos a nossa felicidade.
5- Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2004, Cap.110.
Culpa de Deus?
WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Culpa de Deus?
O jovem que tentara ser artista sem sucesso tinha ferocidade pelo poder; embora austríaco, tornou-se fervoroso nacionalista germânico, serviu na primeira grande guerra no exército alemão e foi condecorado com duas medalhas por bravura.
Astuto, considerado por alguns historiadores como um dos maiores oradores da história humana e dotado de enorme poder de persuasão, logo conseguiu seu intento de conquistar o poder.
A segunda grande guerra começava, sob sua batuta a Alemanha subjugou povos, conquistando territórios em grande parte da Europa e Norte da África. Campos de extermínio foram construídos, organizados como grande empresa, corpos catalogados e minuciosamente verificados com a finalidade de achar objetos de valor, tais como: alianças, obturação dentária, anéis...
Homens, mulheres e crianças eram transportados em vagões de gado e atirados à câmara de gás; após o extermínio, seus corpos eram utilizados para fazer sabão.
Adolf Hitler, o fanático líder germânico, foi o responsável por uma das páginas mais tristes da história da humanidade. Seus ideais lunáticos, embasados na macabra ideia de superioridade da sua raça, o levaram a perseguir ciganos, russos e em especial judeus. Foram mais de trinta milhões de pessoas massacradas sob sua responsabilidade.
Em 1945 acabou suicidando-se.
Indignados, alguns chegam mesmo a questionar: onde andava Deus que permitiu tamanha atrocidade?
Deus andava no lugar de sempre, a olhar por todos nós.
É a famosa tendência humana de se livrar das responsabilidades.
Hecatombes acontecem. Culpa de Deus!
Crimes pululam por todos os cantos. Onde estava Deus que permitiu absurdos?
Crianças morrem de fome. Injustiça Divina!
O homem, ser pensante da criação, passa incólume diante de suas criações, imaturo, deposita o débito de seus feitos doentios em Deus.
Fácil colocar a responsabilidade dos desmandos cometidos pela insanidade humana, comandada por cérebros intoxicados pelo fanatismo e vaidade, em Deus.
Mais complicado é admitir nossa responsabilidade sobre os problemas e acontecimentos que afligem nosso planeta.
Admitir que somos falhos, que nos equivocamos e que devemos nos reformar intimamente requer uma boa dose de humildade. E humildade é virtude difícil de encontrar, por isso, frequentemente reporta-se a Deus como principal responsável pelas dolorosas situações vivenciadas.
É mais prático e rápido: Culpa de Deus!
Quando nos dermos conta de que podemos transformar a história de nossa vida e de tantos outros ao mudar nossas disposições intimas, assumindo compromissos com nossa consciência, veremos que: a criação de Deus é a vida, o amor, a plenitude...
A missão do homem é dar qualidade à vida que Deus, por amor, lhe concedeu.
Fome, violência, abuso de autoridade, devaneios, guerras, limitação da liberdade alheia são filhos do egoísmo humano, jamais do Divino Pai.
Contudo, o Amoroso Pai faz brotar do charco humano a flor divina.
Os corpos são mutilados, todavia, os Espíritos, estes voltam à pátria real, obedecendo ao incessante vai-e-vem evolutivo. Findou-se apenas a matéria, o invólucro; a essência, esta continua viva, imortal, superando atrocidades, devaneios, absurdos...
Por bondade divina, ressurgimos em novo corpo para dar continuidade em nossa marcha rumo à gloriosa destinação a que fomos criados.
O misericordioso Pai faz da destruição sublime transformação.
Em O Livro dos Espíritos – Lei de Destruição –, questão de nº 728, Kardec questiona os mentores que o assistem na obra da codificação:
P – 728 – A destruição é uma lei natural?
R – É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamais destruição é apenas transformação que tem por objetivo a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Acaba-se a vida física, continua a vida espiritual; nem a mais poderosa bomba, nem o mais ardiloso criminoso, nem o mais engenhoso plano trará a morte para um filho de Deus.
Somos criaturas fadadas ao bem. Mentes poderosas, inteligências voltadas ao mal têm apenas o coração adormecido para o amor; cedo ou tarde, figuras que fizeram a tristeza de muitos, como Nero, Hitler, Calígula, acordarão de seus delírios e farão indubitavelmente a alegria de muitos, restituindo tudo aquilo que um dia ousaram usurpar por livre e espontânea vontade.
Quem outrora fez chorar, no futuro, certamente, fará sorrir!
Deus, o Pai de infinito amor, deixa sempre a porta aberta para que seus filhos transviados da estrada da virtude e da verdade encontrem o caminho de volta à Casa do Pai.
(*) Texto extraído do livro Memórias do Holocausto, do Espírito Rudolf e os parceiros Arlindo Rodrigues e Wellington Balbo.
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Culpa de Deus?
O jovem que tentara ser artista sem sucesso tinha ferocidade pelo poder; embora austríaco, tornou-se fervoroso nacionalista germânico, serviu na primeira grande guerra no exército alemão e foi condecorado com duas medalhas por bravura.
Astuto, considerado por alguns historiadores como um dos maiores oradores da história humana e dotado de enorme poder de persuasão, logo conseguiu seu intento de conquistar o poder.
A segunda grande guerra começava, sob sua batuta a Alemanha subjugou povos, conquistando territórios em grande parte da Europa e Norte da África. Campos de extermínio foram construídos, organizados como grande empresa, corpos catalogados e minuciosamente verificados com a finalidade de achar objetos de valor, tais como: alianças, obturação dentária, anéis...
Homens, mulheres e crianças eram transportados em vagões de gado e atirados à câmara de gás; após o extermínio, seus corpos eram utilizados para fazer sabão.
Adolf Hitler, o fanático líder germânico, foi o responsável por uma das páginas mais tristes da história da humanidade. Seus ideais lunáticos, embasados na macabra ideia de superioridade da sua raça, o levaram a perseguir ciganos, russos e em especial judeus. Foram mais de trinta milhões de pessoas massacradas sob sua responsabilidade.
Em 1945 acabou suicidando-se.
Indignados, alguns chegam mesmo a questionar: onde andava Deus que permitiu tamanha atrocidade?
Deus andava no lugar de sempre, a olhar por todos nós.
É a famosa tendência humana de se livrar das responsabilidades.
Hecatombes acontecem. Culpa de Deus!
Crimes pululam por todos os cantos. Onde estava Deus que permitiu absurdos?
Crianças morrem de fome. Injustiça Divina!
O homem, ser pensante da criação, passa incólume diante de suas criações, imaturo, deposita o débito de seus feitos doentios em Deus.
Fácil colocar a responsabilidade dos desmandos cometidos pela insanidade humana, comandada por cérebros intoxicados pelo fanatismo e vaidade, em Deus.
Mais complicado é admitir nossa responsabilidade sobre os problemas e acontecimentos que afligem nosso planeta.
Admitir que somos falhos, que nos equivocamos e que devemos nos reformar intimamente requer uma boa dose de humildade. E humildade é virtude difícil de encontrar, por isso, frequentemente reporta-se a Deus como principal responsável pelas dolorosas situações vivenciadas.
É mais prático e rápido: Culpa de Deus!
Quando nos dermos conta de que podemos transformar a história de nossa vida e de tantos outros ao mudar nossas disposições intimas, assumindo compromissos com nossa consciência, veremos que: a criação de Deus é a vida, o amor, a plenitude...
A missão do homem é dar qualidade à vida que Deus, por amor, lhe concedeu.
Fome, violência, abuso de autoridade, devaneios, guerras, limitação da liberdade alheia são filhos do egoísmo humano, jamais do Divino Pai.
Contudo, o Amoroso Pai faz brotar do charco humano a flor divina.
Os corpos são mutilados, todavia, os Espíritos, estes voltam à pátria real, obedecendo ao incessante vai-e-vem evolutivo. Findou-se apenas a matéria, o invólucro; a essência, esta continua viva, imortal, superando atrocidades, devaneios, absurdos...
Por bondade divina, ressurgimos em novo corpo para dar continuidade em nossa marcha rumo à gloriosa destinação a que fomos criados.
O misericordioso Pai faz da destruição sublime transformação.
Em O Livro dos Espíritos – Lei de Destruição –, questão de nº 728, Kardec questiona os mentores que o assistem na obra da codificação:
P – 728 – A destruição é uma lei natural?
R – É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamais destruição é apenas transformação que tem por objetivo a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Acaba-se a vida física, continua a vida espiritual; nem a mais poderosa bomba, nem o mais ardiloso criminoso, nem o mais engenhoso plano trará a morte para um filho de Deus.
Somos criaturas fadadas ao bem. Mentes poderosas, inteligências voltadas ao mal têm apenas o coração adormecido para o amor; cedo ou tarde, figuras que fizeram a tristeza de muitos, como Nero, Hitler, Calígula, acordarão de seus delírios e farão indubitavelmente a alegria de muitos, restituindo tudo aquilo que um dia ousaram usurpar por livre e espontânea vontade.
Quem outrora fez chorar, no futuro, certamente, fará sorrir!
Deus, o Pai de infinito amor, deixa sempre a porta aberta para que seus filhos transviados da estrada da virtude e da verdade encontrem o caminho de volta à Casa do Pai.
(*) Texto extraído do livro Memórias do Holocausto, do Espírito Rudolf e os parceiros Arlindo Rodrigues e Wellington Balbo.
Os ombros largos do próximo
RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
Os ombros largos do próximo
A revista VEJA, edição 2269 de 16/05/2012, páginas 112 a 114, traz uma interessante reportagem sobre a arte de culpar os outros ou, em termo mais vulgar, a arte de encontrar um bode expiatório. Vamos a um trecho: “Nada paralisou mais a inteligência do que a busca por bodes expiatórios”, escreveu o historiador britânico Theodore Zeldin no livro Uma História Íntima da Humanidade, de 1994. Paralisou, e continua a paralisar. A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada – de desastres naturais e guerras, de crises econômicas e epidemias – nas costas de um único indivíduo ou grupo quase sempre inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial para entender a vida em sociedade. Se observarmos à nossa volta, encontraremos muitos exemplos. Quando um adulto interrompe a briga de duas crianças, uma aponta o dedo inquisidor para a outra: “Foi ela quem começou!”. De maneira semelhante, a campanha para as eleições presidenciais na França, encerradas na semana passada com a vitória do socialista François Hollande, foi pautada em parte pelas retóricas anti-imigração e antiunião europeia, como se um fator qualquer vindo de fora fosse o bastante para explicar o desemprego no país. Nos Estados Unidos, o culpado da vez é o 1% mais rico da população, que paga proporcionalmente menos impostos do que a classe média. Na América Latina, a tradição populista não existiria sem a invenção de inimigos imaginários internos (as oligarquias, os bancos, a imprensa) e externos (o FMI, os Estados Unidos). A ditadura cubana sustenta-se há mais de quatro décadas sobre a fantasia de que a miséria de sua população se deve ao embargo ameriacano à ilha, e não ao fracasso de seu sistema comunista.
Continua a reportagem: No livro intitulado em português, traduzido do inglês – (Bode Expiatório – Uma História da Prática de Culpar Outras Pessoas), publicado recentemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, o autor, Charlie Campbell, defende a tese de que cada ser humano tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem dificuldade de admitir os próprios erros. “Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos assiduamente desde então”, escreveu Campbell.
Infelizmente, como isso é frequente nos dias atuais, não é verdade? Muitas pessoas tidas como possíveis responsáveis em falcatruas as mais diversas procuram um bode expiatório para eximirem-se de culpa. Se forem vários os “bodes”, tanto melhor. No terreno particular isso também acontece. Ou será que não? Por exemplo, quando a paz no lar é comprometida devido a uma discussão perfeitamente evitável entre os seus componentes, sempre foi o outro lado quem deu início à confusão. Quando um filho é envolvido pelas drogas ilícitas, a culpa é só do traficante. Quando um velho vai parar no asilo, a culpa é dele. Quando uma criança é abandonada, procura-se o responsável cujo autor da “proeza” é sempre o outro, o tal de bode expiatório. Quando um casal se separa, os motivos foram sempre fornecidos pela outra parte. O homem está absolutamente correto e a mulher também. Aliás, nas brigas de casais, é uma das raras ocasiões em que podemos encontrar um ser humano perfeito porque nunca nenhum dos dois está errado. Isso quando não sobra culpa para os filhos, as maiores vítimas de uma separação. Quando no serviço alguma coisa dá errado, a culpa é do patrão que paga mal. Ou será do funcionário que não cumpre com suas obrigações? E no trânsito, você já viu como só tem gente certa? A culpa é sempre do outro, do tal do bode expiatório, que pode ser até um sinaleiro que funciona mal ou de uma placa de sinalização ausente ou mal colocada, nunca do real culpado.
Agora, meu amigo e minha amiga, embora os Espíritos não tenham ombros como entendemos no sentido material do termo, haja ombro neles para aguentar a culpa que a eles imputamos!
Falta paz no lar? Debite na conta dos Espíritos. Aconteceu um acidente? Jogue nos ombros perispirituais dos Espíritos. É. Para jogar no ombro do coitado do Espírito, até ombro perispiritual serve, como não? Os filhos estão indo mal na vida? Não vacile, debita na conta (ou nos ombros?) dos Espíritos. Brigou com a sogra? Espíritos que se cuidem. Desentendeu-se com a esposa ou com o marido? Ah! Não existem dúvidas. Coloca nos ombros deles! É. Dos Espíritos! É correto que O Livro Dos Espíritos nos ensina que eles participam intensamente de nossas vidas até o ponto de, se permitirmos, sermos dirigidos por eles, mas gente, em nossos ombros não vai culpa nenhuma?
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
Os ombros largos do próximo
A revista VEJA, edição 2269 de 16/05/2012, páginas 112 a 114, traz uma interessante reportagem sobre a arte de culpar os outros ou, em termo mais vulgar, a arte de encontrar um bode expiatório. Vamos a um trecho: “Nada paralisou mais a inteligência do que a busca por bodes expiatórios”, escreveu o historiador britânico Theodore Zeldin no livro Uma História Íntima da Humanidade, de 1994. Paralisou, e continua a paralisar. A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada – de desastres naturais e guerras, de crises econômicas e epidemias – nas costas de um único indivíduo ou grupo quase sempre inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial para entender a vida em sociedade. Se observarmos à nossa volta, encontraremos muitos exemplos. Quando um adulto interrompe a briga de duas crianças, uma aponta o dedo inquisidor para a outra: “Foi ela quem começou!”. De maneira semelhante, a campanha para as eleições presidenciais na França, encerradas na semana passada com a vitória do socialista François Hollande, foi pautada em parte pelas retóricas anti-imigração e antiunião europeia, como se um fator qualquer vindo de fora fosse o bastante para explicar o desemprego no país. Nos Estados Unidos, o culpado da vez é o 1% mais rico da população, que paga proporcionalmente menos impostos do que a classe média. Na América Latina, a tradição populista não existiria sem a invenção de inimigos imaginários internos (as oligarquias, os bancos, a imprensa) e externos (o FMI, os Estados Unidos). A ditadura cubana sustenta-se há mais de quatro décadas sobre a fantasia de que a miséria de sua população se deve ao embargo ameriacano à ilha, e não ao fracasso de seu sistema comunista.
Continua a reportagem: No livro intitulado em português, traduzido do inglês – (Bode Expiatório – Uma História da Prática de Culpar Outras Pessoas), publicado recentemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, o autor, Charlie Campbell, defende a tese de que cada ser humano tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem dificuldade de admitir os próprios erros. “Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos assiduamente desde então”, escreveu Campbell.
Infelizmente, como isso é frequente nos dias atuais, não é verdade? Muitas pessoas tidas como possíveis responsáveis em falcatruas as mais diversas procuram um bode expiatório para eximirem-se de culpa. Se forem vários os “bodes”, tanto melhor. No terreno particular isso também acontece. Ou será que não? Por exemplo, quando a paz no lar é comprometida devido a uma discussão perfeitamente evitável entre os seus componentes, sempre foi o outro lado quem deu início à confusão. Quando um filho é envolvido pelas drogas ilícitas, a culpa é só do traficante. Quando um velho vai parar no asilo, a culpa é dele. Quando uma criança é abandonada, procura-se o responsável cujo autor da “proeza” é sempre o outro, o tal de bode expiatório. Quando um casal se separa, os motivos foram sempre fornecidos pela outra parte. O homem está absolutamente correto e a mulher também. Aliás, nas brigas de casais, é uma das raras ocasiões em que podemos encontrar um ser humano perfeito porque nunca nenhum dos dois está errado. Isso quando não sobra culpa para os filhos, as maiores vítimas de uma separação. Quando no serviço alguma coisa dá errado, a culpa é do patrão que paga mal. Ou será do funcionário que não cumpre com suas obrigações? E no trânsito, você já viu como só tem gente certa? A culpa é sempre do outro, do tal do bode expiatório, que pode ser até um sinaleiro que funciona mal ou de uma placa de sinalização ausente ou mal colocada, nunca do real culpado.
Agora, meu amigo e minha amiga, embora os Espíritos não tenham ombros como entendemos no sentido material do termo, haja ombro neles para aguentar a culpa que a eles imputamos!
Falta paz no lar? Debite na conta dos Espíritos. Aconteceu um acidente? Jogue nos ombros perispirituais dos Espíritos. É. Para jogar no ombro do coitado do Espírito, até ombro perispiritual serve, como não? Os filhos estão indo mal na vida? Não vacile, debita na conta (ou nos ombros?) dos Espíritos. Brigou com a sogra? Espíritos que se cuidem. Desentendeu-se com a esposa ou com o marido? Ah! Não existem dúvidas. Coloca nos ombros deles! É. Dos Espíritos! É correto que O Livro Dos Espíritos nos ensina que eles participam intensamente de nossas vidas até o ponto de, se permitirmos, sermos dirigidos por eles, mas gente, em nossos ombros não vai culpa nenhuma?
Culpa, perdão e autoperdão
LUIS ROBERTO SCHOLL
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo, RS (Brasil)
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Culpa, perdão e autoperdão
A excelência do sentimento do perdão saiu das hostes da religião e adentrou nos conceitos terapêuticos da psicologia e da medicina. Ninguém mais tem dúvidas de que a sanidade mental e o equilíbrio emocional têm raízes profundas no indivíduo que consegue exercer e receber o perdão.
Desta forma, somos chamados diariamente a praticar o perdão no lar, no trabalho, no convívio social, nas pequenas coisas do cotidiano para que, quando necessário, possamos utilizá-lo nas grandes mágoas. É como o treinamento de um atleta de alta performance: muito exercício para atingir as grandes vitórias.
O prefixo PER significa ao todo, total; DOAR, dar. Doar, totalmente, esforço para amar um pouco mais. Se alguém pisar no seu pé, sem querer, é relativamente fácil perdoar, mas se pisar no pé que está com a unha inflamada, cuja dor é muito superior, precisará de um esforço maior ainda...
Às vezes o perdão é quase instantâneo, também pode demorar algumas horas, dias, meses, anos, séculos, algumas reencarnações. Mas se entender que o perdão é inevitável à conquista da paz, da felicidade, peça fundamental na evolução do ser, e que sem o perdão sempre haverá pendências que mais cedo ou mais tarde deverão ser sanadas, o indivíduo, racionalmente, empreenderá todos os esforços para atingir este intento.
No capítulo 10 de O Evangelho segundo o Espiritismo (Bem-aventurados os misericordiosos), o apóstolo Paulo afirma:
Perdoar os inimigos é pedir perdão para si mesmo. Perdoar aos amigos é dar-lhes prova de amizade. Perdoar as ofensas é mostrar que se tornou melhor do que antes. Perdoai, portanto, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe...
Quando estamos perdoando o outro, estamos também exercendo o autoperdão; um é consequência do outro, porque somos com o outro como somos conosco mesmo.
Allan Kardec indica, no livro O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, a psicoterapia do perdão e autoperdão: arrependimento (dar-se conta que errou), expiação (desconforto e sofrimento moral pelo equívoco) e reparação (o ato final, a corrigenda do erro). O verdadeiro perdão sempre envolve atividades reparadoras.
Mágoas, culpas e ressentimento servem como alerta, um despertador avisando que alguma coisa na nossa conduta está equivocada. Quando não trabalhados com a tolerância e o perdão, trazem como consequências transtornos psiquiátricos ou doenças físicas.
Emmanuel, na obra Pronto Socorro, nos diz que o remorso é um lampejo de Deus sobre o complexo de culpa que se expressa por enfermidade da consciência.
Como você se vê no futuro? Como afirmou Pierre Dac, líder francês da resistência nazista da Segunda Grande Guerra Mundial, o futuro é o passado em preparação.
Que passado queremos ter daqui a 20, 30 anos ou na dimensão espiritual ou nas próximas reencarnações?
Vale a pena investir no perdão consigo mesmo e com o outro para que o remorso e o arrependimento não sejam nossos companheiros no futuro.
Vida sem culpa
LUIS ROBERTO SCHOLL
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo, RS (Brasil)
Vida sem culpa
O sentimento de culpa é aquela sensação desagradável que se sente quando se comete uma ação equivocada contra algo ou alguém ou quando, por omissão, deixa-se de fazer algo que deveria ter feito.
Sempre que ela surge, deixa no indivíduo um gosto amargo de dever não cumprido que, dependendo do grau de envolvimento ou responsabilidade, pode levá-lo a um sentimento de inferioridade, à depressão e, em casos mais graves, ao suicídio.
O sentimento de culpa foi um recurso muito utilizado pelas antigas religiões dogmáticas com o intuito de frear as ações consideradas pecaminosas, condenando à pena do inferno eterno todos os que não seguiam a sua cartilha.
Hodiernamente trabalha-se a culpa não mais pelas imposições exteriores, mas no sentido psicológico e nos transtornos internos que ela pode impactar no indivíduo.
Este sentimento aparentemente negativo, na realidade, quando bem trabalhado, serve de excelente ferramenta para a evolução espiritual do ser.
Quando a pessoa toma ciência de que é culpada (responsável) por determinadas atitudes e suas consequências, é sinal de que já existe um despertamento importante da sua consciência para as situações equivocadas de que é agente e que desarmonizam não só o ambiente exterior como o mundo íntimo.
Há indivíduos que, por exemplo, aparentemente não sentem culpa ou remorso por qualquer ato errôneo, mesmo quando praticantes de crimes hediondos ou ações inescrupulosas. Esses seres ainda estão no estágio de primitivismo do desenvolvimento moral e ainda não despertaram para as responsabilidades ou então estão procurando mascarar, de diversas formas, os avisos que a própria consciência lhes faz. Isto pode ocorrer temporariamente, pois o tempo e a vida se encarregarão das lições necessárias.
Todos têm um guia absoluto e seguro onde está escrita a lei de Deus: a própria consciência. Este guia se encontra em germe no cerne de todo ser humano e deve ser desenvolvido individualmente ao longo das múltiplas reencarnações. Quando em processo de afloramento, proporciona o alargamento do senso moral. Assim, a regra do bem proceder se torna mais nítida, bem como a distinção do bem e do mal. A fórmula para não haver enganos está resumida na recomendação de Jesus: o que quereis que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 1
Mas e a culpa? Como conviver com ela?
A culpa tem um único e exclusivo objetivo: alertar a pessoa que está equivocada. Ela nada mais é do que um sinal de perigo na trajetória da vida avisando que a permanência naquele caminho vai provocar consequências graves. A culpa é uma advertência para a alma assim como a dor é uma advertência para o corpo, é o sinal vermelho mandando parar; serve para corrigir e não destruir. Pode, muitas vezes, junto à culpa, vir o remorso e o arrependimento, que são situações que confirmam a rota equivocada e abrem as portas para a etapa seguinte.
Com este despertamento volta-se a atenção para outro ponto fundamental: a retomada do caminho correto. O mais importante de todo este processo é a reparação do mal cometido. Como todo erro deve ser corrigido, o quanto antes se tomar esta atitude, mais próximo o indivíduo se encontrará da paz. A reparação é a verdadeira reabilitação moral que se inicia no sentimento de culpa.
É possível viver sem culpa?
Somente o sujeito com a consciência tranquila não sente culpa e esta é conquistada no momento em que o indivíduo assume o compromisso com o seu próximo segundo o preceito do Cristo, procurando sempre fazer todo o bem que está ao seu alcance com total desinteresse. Mesmo que possa haver equívocos no trajeto, a intenção de fazer o bem redime do sentimento de culpa e, ao corrigir a atitude naquilo em que se está errando, isto é feito sem remorsos e sem grandes transtornos.
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Edição comemorativa do sesquicentenário. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006. Questões 621, 629, 632.
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo, RS (Brasil)
Vida sem culpa
O sentimento de culpa é aquela sensação desagradável que se sente quando se comete uma ação equivocada contra algo ou alguém ou quando, por omissão, deixa-se de fazer algo que deveria ter feito.
Sempre que ela surge, deixa no indivíduo um gosto amargo de dever não cumprido que, dependendo do grau de envolvimento ou responsabilidade, pode levá-lo a um sentimento de inferioridade, à depressão e, em casos mais graves, ao suicídio.
O sentimento de culpa foi um recurso muito utilizado pelas antigas religiões dogmáticas com o intuito de frear as ações consideradas pecaminosas, condenando à pena do inferno eterno todos os que não seguiam a sua cartilha.
Hodiernamente trabalha-se a culpa não mais pelas imposições exteriores, mas no sentido psicológico e nos transtornos internos que ela pode impactar no indivíduo.
Este sentimento aparentemente negativo, na realidade, quando bem trabalhado, serve de excelente ferramenta para a evolução espiritual do ser.
Quando a pessoa toma ciência de que é culpada (responsável) por determinadas atitudes e suas consequências, é sinal de que já existe um despertamento importante da sua consciência para as situações equivocadas de que é agente e que desarmonizam não só o ambiente exterior como o mundo íntimo.
Há indivíduos que, por exemplo, aparentemente não sentem culpa ou remorso por qualquer ato errôneo, mesmo quando praticantes de crimes hediondos ou ações inescrupulosas. Esses seres ainda estão no estágio de primitivismo do desenvolvimento moral e ainda não despertaram para as responsabilidades ou então estão procurando mascarar, de diversas formas, os avisos que a própria consciência lhes faz. Isto pode ocorrer temporariamente, pois o tempo e a vida se encarregarão das lições necessárias.
Todos têm um guia absoluto e seguro onde está escrita a lei de Deus: a própria consciência. Este guia se encontra em germe no cerne de todo ser humano e deve ser desenvolvido individualmente ao longo das múltiplas reencarnações. Quando em processo de afloramento, proporciona o alargamento do senso moral. Assim, a regra do bem proceder se torna mais nítida, bem como a distinção do bem e do mal. A fórmula para não haver enganos está resumida na recomendação de Jesus: o que quereis que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 1
Mas e a culpa? Como conviver com ela?
A culpa tem um único e exclusivo objetivo: alertar a pessoa que está equivocada. Ela nada mais é do que um sinal de perigo na trajetória da vida avisando que a permanência naquele caminho vai provocar consequências graves. A culpa é uma advertência para a alma assim como a dor é uma advertência para o corpo, é o sinal vermelho mandando parar; serve para corrigir e não destruir. Pode, muitas vezes, junto à culpa, vir o remorso e o arrependimento, que são situações que confirmam a rota equivocada e abrem as portas para a etapa seguinte.
Com este despertamento volta-se a atenção para outro ponto fundamental: a retomada do caminho correto. O mais importante de todo este processo é a reparação do mal cometido. Como todo erro deve ser corrigido, o quanto antes se tomar esta atitude, mais próximo o indivíduo se encontrará da paz. A reparação é a verdadeira reabilitação moral que se inicia no sentimento de culpa.
É possível viver sem culpa?
Somente o sujeito com a consciência tranquila não sente culpa e esta é conquistada no momento em que o indivíduo assume o compromisso com o seu próximo segundo o preceito do Cristo, procurando sempre fazer todo o bem que está ao seu alcance com total desinteresse. Mesmo que possa haver equívocos no trajeto, a intenção de fazer o bem redime do sentimento de culpa e, ao corrigir a atitude naquilo em que se está errando, isto é feito sem remorsos e sem grandes transtornos.
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Edição comemorativa do sesquicentenário. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006. Questões 621, 629, 632.
Sentimento de culpa
ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
Sentimento de culpa
A ascensão é experiência grave que exige esforço e
decisão imbatíveis
“(...) Chegarás à honra da paz, após a consciência liberada dos débitos e culpas.”- Joanna de Ângelis [1]
O sentimento de culpa é um ótimo “plug” para as incidências obsessivas, uma vez que ele é muito bem manipulado e dinamizado pelos agentes das trevas, causando graves prejuízos à nossa economia espiritual, além de tolher os passos de quem o acoroçoa, provocando quadros de pessimismo, desânimos e desconforto íntimo, podendo mesmo, em casos mais graves e crônicos, levar à loucura ou até ao decesso físico.
A nobre Mentora Joanna de Ângelis chega mesmo a afirmar[2] que “(...) entre os flagelos íntimos que vergastam o ser humano, produzindo inomináveis aflições, a consciência de culpa ganha destaque, pois se instala insidiosamente e, qual ácido destruidor, corrói as engrenagens da emoção, facultando a irrupção de conflitos que enlouquecem... Decorrente da insegurança psicológica no julgamento das próprias ações abre um abismo entre o que se faz e o que não se deveria haver feito, supliciando, com crueza, aquele que lhe sofre a pertinaz perseguição.
A culpa sempre deflui de uma ação física ou mental portadora de carga emocional negativa em relação a outrem ou a si mesmo.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo se permite comportamentos incorretos que lhe agradam às sensações, para, logo cessadas, entregar-se ao arrependimento autopunitivo, com o qual pretende corrigir a insensatez. De imediato, assoma-lhe a consciência de culpa, que o perturba. Perversamente, ela pune o infrator perante si mesmo, porém, não altera o rumo da ação desencadeada, nem corrige aquele a quem fere. Ao contrário, embora sendo cobradora inclemente, desenvolve mecanismos inconscientes de novos anseios, repetidas práticas e sempre mais rigorosa punição...
Atavismo de comportamentos religiosos, morais e sociais hipócritas, que não hesitavam em fazer um tipo de recomendação com diferente ação, deve ser eliminado com rigor e imediatamente”.
Em outra excelente obra, a Mentora explica[3]: “(...) a vida, em toda forma como se expressa, originalmente, é um conjunto que transpira harmonia. Desde as complexidades do macrocosmo como nas extraordinárias organizações microscópicas pode-se percebe o equilíbrio que a tudo comanda, estabelecendo ordem, disciplina e beleza. Mesmo quando o aparente caos surge em a Natureza, percebe-se um trabalho grandioso gerando renovação e produzindo estesia.
Desenvolvem-se os programas estabelecidos dentro de Leis que regem os acontecimentos universais de maneira providencial, dando campo à perfeição, que é a meta a ser alcançada, e só o ser humano, porque pensa e dispõe do livre-arbítrio, se permite a rebeldia, o atentado ao estabelecido, a audácia do erro, delinquindo quando contrariado, afrontando a própria Consciência Cósmica. Por efeito, sofre, tornando-se vítima de si mesmo tendo que recompor a experiência, a fim de aprender obediência, sensatez, direcionamento correto, e, por fim, conquistar a paz.
Desarmonizando o conjunto em que a vida se expressa, é convidado a reparar, devolvendo a estabilidade que foi atingida. A sua própria consciência, que desperta, encarrega-se de reexaminar a ação maléfica e, automaticamente, impõe-lhe o dever de resgatar, programando o roteiro reparador. Mesmo quando pessoa alguma tomou conhecimento do erro, ela o sabe e, porque está em sintonia com a Divindade, expressando as Leis de Deus que conserva inscritas, somente se harmoniza quando se desobriga do compromisso elevado, retificador.
Quando o tempo urge e não pode ser reparado, o prejuízo causado a si mesmo e ao próximo, à ordem geral e à vida, transfere de uma para outra existência, insculpido em forma de culpa e revela-se em manifestações psicológicas de comportamento inseguro, agindo de maneira receosa, sempre esperando enfrentar a realidade, a verdade de que se evadiu. Reencarnado, o Espírito culpado sofre-lhe a injunção, amargurando-se, embora o aparente êxito que esteja desfrutando, autoacusando-se e sempre ciente de que nada merece, inclusive, não pode ter o direito de ser feliz. E se não possui uma estrutura emocional forte ou razoável, derrapa no pessimismo e foge da realidade mediante a usança de alguma droga, pelo alcoolismo ou por aquelas de natureza aditiva, alucinógenas, embriagadoras, que mais complicam o quadro aflitivo.
(...) A ascensão é experiência grave que exige esforço e decisão imbatíveis. Qualquer desalento ou incerteza frustra o programa de crescimento íntimo, conspirando contra o prosseguimento da marcha... Não há, na Terra, pessoa alguma que se encontre sem haver passado pelo caminho do erro para acertar, da sombra para alcançar a luz, do sofrimento para melhor amar...
Consciência de culpa é porta aberta para a reparação e não para a descida ao abismo do sofrimento”.
Joanna de Ângelis, nas obras acima assinaladas, oferece-nos orientações para a PROFILAXIA E COMBATE AO FLAGELO DA CULPA:
“(...) Somente um meio existe para alguém liberar-se da consciência de culpa: é o trabalho de dedicação ao dever, de reconstrução interior mediante o auxílio a si mesmo e à sociedade, na qual se encontra. (...) Seja qual for o tipo de consciência de culpa que se apresente no ser, cumpre-lhe o dever inadiável de continuar a marcha, superando o conflito e permitindo-se o direito de haver errado, assim como agora desfruta a oportunidade feliz de reparar o equívoco”.
Portanto, podemos deduzir com a nobre Mentora que a atitude correta ante o sentimento de culpa é não nos utilizarmos de subterfúgios para escamotear a sua realidade dolorosa e afligente, uma vez que não é possível encobrir o Sol com peneira. Há que se ter a coragem da humildade para, em primeiro lugar, admitir o erro que, uma vez cometido, gera consequências que não podemos impedir. É, portanto, justo e oportuno o aconselhamento de Joanna de Ângelis quando nos conclama a que avaliemos adequadamente os efeitos do equívoco e que o reparemos quando negativo. E completa: “(...) Se a tua foi uma ação reprochável, corrige-a, logo possas, mediante novas atividades reparadoras. Se resultou em conflito pessoal a tua atitude, que não corresponde ao que crês, como és, treina equilíbrio e põe-te em vigília.
Quando justificas o teu erro com autoflagelação reparadora, logo mais retornarás a ele. Assim, propõe-te encarar a existência conforme é e as circunstâncias como se te apresentam; erradica da mente as ideias que consideras impróprias, prejudiciais, conflitivas e substitui-as vigorosamente por outras saudáveis, equilibradas, dignificantes... Pensa, portanto, com correção, liberando-te das ideias malsãs que te gerarão consciência de culpa e sempre que errares, recomeça com o entusiasmo inicial. A dignidade, a harmonia, o equilíbrio entre consciência e conduta têm um preço: a perseverança no dever. Se, todavia, tiveres dificuldade em agir corretamente, em razão da atitude viciosa encontrar-se arraigada em ti, recorre à oração com sinceridade, e a Consciência Divina te erguerá à paz”.
Por último, a Mentora ensinou[4]: “(...) O conhecimento dos postulados espíritas, notavelmente terapêuticos, por explicar as causas de todos e quaisquer acontecimentos, a responsabilidade que sempre decorre de cada ação praticada, eliminam a culpa e a necessidade de autopunição, desde que exista a consciência de si”.
Pedimos vênia ao confrade Gibson Bastos para terminar este artigo com as mesmas palavras que ele terminou o seu excelente e corajoso livro “Além do Rosa e do Azul”, levado a lume pela editora do C.E. Léon Denis do Rio de Janeiro: “(...) Conforme nos ensina o Espírito Hammed, no livro Dores da Alma, ‘os erros são quase que inevitáveis para quem quer avançar e crescer. São acidentes de percurso, contingências do processo evolutivo que todos estamos destinados a vivenciar’. Mas caso isso ocorra, não devemos estacionar na estrada e perder o tempo com lamentações infrutíferas. E para não nos deixarmos arrastar pelo desânimo, ouçamos a palavra enérgica daqueles que estão mais à frente: "Oh! Alma levanta-te e anda!". E assumindo com humildade e coragem as consequências de nossas decisões equivocadas, busquemos reparar nosso débito para com a lei e o nosso próximo, e sigamos em frente, com determinação, em direção ao nosso destino, que é SER FELIZ” e perfeitos como perfeito é o Pai Celestial.
[1] - FRANCO, Divaldo. Após a tempestade. 3. ed. Salvador: LEAL, 1985, cap. 12, p. 70.
[2] - FRANCO, Divaldo. Momentos de saúde. Salvador: LEAL, 1993, cap. 9, p.p. 62-65.
[3] - FRANCO, Divaldo. Sendas luminosas. E. ed. Votuporanga: Didier, 2002, cap. 11, p.p. 71-75.
[4] - FRANCO, Divaldo. Encontro com a paz e a saúde. Salvador: LEAL, 2007, cap. 3, p. 73.
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
Sentimento de culpa
A ascensão é experiência grave que exige esforço e
decisão imbatíveis
“(...) Chegarás à honra da paz, após a consciência liberada dos débitos e culpas.”- Joanna de Ângelis [1]
O sentimento de culpa é um ótimo “plug” para as incidências obsessivas, uma vez que ele é muito bem manipulado e dinamizado pelos agentes das trevas, causando graves prejuízos à nossa economia espiritual, além de tolher os passos de quem o acoroçoa, provocando quadros de pessimismo, desânimos e desconforto íntimo, podendo mesmo, em casos mais graves e crônicos, levar à loucura ou até ao decesso físico.
A nobre Mentora Joanna de Ângelis chega mesmo a afirmar[2] que “(...) entre os flagelos íntimos que vergastam o ser humano, produzindo inomináveis aflições, a consciência de culpa ganha destaque, pois se instala insidiosamente e, qual ácido destruidor, corrói as engrenagens da emoção, facultando a irrupção de conflitos que enlouquecem... Decorrente da insegurança psicológica no julgamento das próprias ações abre um abismo entre o que se faz e o que não se deveria haver feito, supliciando, com crueza, aquele que lhe sofre a pertinaz perseguição.
A culpa sempre deflui de uma ação física ou mental portadora de carga emocional negativa em relação a outrem ou a si mesmo.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo se permite comportamentos incorretos que lhe agradam às sensações, para, logo cessadas, entregar-se ao arrependimento autopunitivo, com o qual pretende corrigir a insensatez. De imediato, assoma-lhe a consciência de culpa, que o perturba. Perversamente, ela pune o infrator perante si mesmo, porém, não altera o rumo da ação desencadeada, nem corrige aquele a quem fere. Ao contrário, embora sendo cobradora inclemente, desenvolve mecanismos inconscientes de novos anseios, repetidas práticas e sempre mais rigorosa punição...
Atavismo de comportamentos religiosos, morais e sociais hipócritas, que não hesitavam em fazer um tipo de recomendação com diferente ação, deve ser eliminado com rigor e imediatamente”.
Em outra excelente obra, a Mentora explica[3]: “(...) a vida, em toda forma como se expressa, originalmente, é um conjunto que transpira harmonia. Desde as complexidades do macrocosmo como nas extraordinárias organizações microscópicas pode-se percebe o equilíbrio que a tudo comanda, estabelecendo ordem, disciplina e beleza. Mesmo quando o aparente caos surge em a Natureza, percebe-se um trabalho grandioso gerando renovação e produzindo estesia.
Desenvolvem-se os programas estabelecidos dentro de Leis que regem os acontecimentos universais de maneira providencial, dando campo à perfeição, que é a meta a ser alcançada, e só o ser humano, porque pensa e dispõe do livre-arbítrio, se permite a rebeldia, o atentado ao estabelecido, a audácia do erro, delinquindo quando contrariado, afrontando a própria Consciência Cósmica. Por efeito, sofre, tornando-se vítima de si mesmo tendo que recompor a experiência, a fim de aprender obediência, sensatez, direcionamento correto, e, por fim, conquistar a paz.
Desarmonizando o conjunto em que a vida se expressa, é convidado a reparar, devolvendo a estabilidade que foi atingida. A sua própria consciência, que desperta, encarrega-se de reexaminar a ação maléfica e, automaticamente, impõe-lhe o dever de resgatar, programando o roteiro reparador. Mesmo quando pessoa alguma tomou conhecimento do erro, ela o sabe e, porque está em sintonia com a Divindade, expressando as Leis de Deus que conserva inscritas, somente se harmoniza quando se desobriga do compromisso elevado, retificador.
Quando o tempo urge e não pode ser reparado, o prejuízo causado a si mesmo e ao próximo, à ordem geral e à vida, transfere de uma para outra existência, insculpido em forma de culpa e revela-se em manifestações psicológicas de comportamento inseguro, agindo de maneira receosa, sempre esperando enfrentar a realidade, a verdade de que se evadiu. Reencarnado, o Espírito culpado sofre-lhe a injunção, amargurando-se, embora o aparente êxito que esteja desfrutando, autoacusando-se e sempre ciente de que nada merece, inclusive, não pode ter o direito de ser feliz. E se não possui uma estrutura emocional forte ou razoável, derrapa no pessimismo e foge da realidade mediante a usança de alguma droga, pelo alcoolismo ou por aquelas de natureza aditiva, alucinógenas, embriagadoras, que mais complicam o quadro aflitivo.
(...) A ascensão é experiência grave que exige esforço e decisão imbatíveis. Qualquer desalento ou incerteza frustra o programa de crescimento íntimo, conspirando contra o prosseguimento da marcha... Não há, na Terra, pessoa alguma que se encontre sem haver passado pelo caminho do erro para acertar, da sombra para alcançar a luz, do sofrimento para melhor amar...
Consciência de culpa é porta aberta para a reparação e não para a descida ao abismo do sofrimento”.
Joanna de Ângelis, nas obras acima assinaladas, oferece-nos orientações para a PROFILAXIA E COMBATE AO FLAGELO DA CULPA:
“(...) Somente um meio existe para alguém liberar-se da consciência de culpa: é o trabalho de dedicação ao dever, de reconstrução interior mediante o auxílio a si mesmo e à sociedade, na qual se encontra. (...) Seja qual for o tipo de consciência de culpa que se apresente no ser, cumpre-lhe o dever inadiável de continuar a marcha, superando o conflito e permitindo-se o direito de haver errado, assim como agora desfruta a oportunidade feliz de reparar o equívoco”.
Portanto, podemos deduzir com a nobre Mentora que a atitude correta ante o sentimento de culpa é não nos utilizarmos de subterfúgios para escamotear a sua realidade dolorosa e afligente, uma vez que não é possível encobrir o Sol com peneira. Há que se ter a coragem da humildade para, em primeiro lugar, admitir o erro que, uma vez cometido, gera consequências que não podemos impedir. É, portanto, justo e oportuno o aconselhamento de Joanna de Ângelis quando nos conclama a que avaliemos adequadamente os efeitos do equívoco e que o reparemos quando negativo. E completa: “(...) Se a tua foi uma ação reprochável, corrige-a, logo possas, mediante novas atividades reparadoras. Se resultou em conflito pessoal a tua atitude, que não corresponde ao que crês, como és, treina equilíbrio e põe-te em vigília.
Quando justificas o teu erro com autoflagelação reparadora, logo mais retornarás a ele. Assim, propõe-te encarar a existência conforme é e as circunstâncias como se te apresentam; erradica da mente as ideias que consideras impróprias, prejudiciais, conflitivas e substitui-as vigorosamente por outras saudáveis, equilibradas, dignificantes... Pensa, portanto, com correção, liberando-te das ideias malsãs que te gerarão consciência de culpa e sempre que errares, recomeça com o entusiasmo inicial. A dignidade, a harmonia, o equilíbrio entre consciência e conduta têm um preço: a perseverança no dever. Se, todavia, tiveres dificuldade em agir corretamente, em razão da atitude viciosa encontrar-se arraigada em ti, recorre à oração com sinceridade, e a Consciência Divina te erguerá à paz”.
Por último, a Mentora ensinou[4]: “(...) O conhecimento dos postulados espíritas, notavelmente terapêuticos, por explicar as causas de todos e quaisquer acontecimentos, a responsabilidade que sempre decorre de cada ação praticada, eliminam a culpa e a necessidade de autopunição, desde que exista a consciência de si”.
Pedimos vênia ao confrade Gibson Bastos para terminar este artigo com as mesmas palavras que ele terminou o seu excelente e corajoso livro “Além do Rosa e do Azul”, levado a lume pela editora do C.E. Léon Denis do Rio de Janeiro: “(...) Conforme nos ensina o Espírito Hammed, no livro Dores da Alma, ‘os erros são quase que inevitáveis para quem quer avançar e crescer. São acidentes de percurso, contingências do processo evolutivo que todos estamos destinados a vivenciar’. Mas caso isso ocorra, não devemos estacionar na estrada e perder o tempo com lamentações infrutíferas. E para não nos deixarmos arrastar pelo desânimo, ouçamos a palavra enérgica daqueles que estão mais à frente: "Oh! Alma levanta-te e anda!". E assumindo com humildade e coragem as consequências de nossas decisões equivocadas, busquemos reparar nosso débito para com a lei e o nosso próximo, e sigamos em frente, com determinação, em direção ao nosso destino, que é SER FELIZ” e perfeitos como perfeito é o Pai Celestial.
[1] - FRANCO, Divaldo. Após a tempestade. 3. ed. Salvador: LEAL, 1985, cap. 12, p. 70.
[2] - FRANCO, Divaldo. Momentos de saúde. Salvador: LEAL, 1993, cap. 9, p.p. 62-65.
[3] - FRANCO, Divaldo. Sendas luminosas. E. ed. Votuporanga: Didier, 2002, cap. 11, p.p. 71-75.
[4] - FRANCO, Divaldo. Encontro com a paz e a saúde. Salvador: LEAL, 2007, cap. 3, p. 73.
Os sábios vencem a culpa
CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)
Os sábios vencem a culpa
(Sobre o item 1009 d´O Livro dos Espíritos)
A culpa dentro de nós
A culpa mora em nossa mente. Foi colocada lá. Isso faz com que muitas vezes não consigamos, racionalmente, entendê-la. Ela não é lógica... ela não é natural.
Diante de alguns atos, sentimos um mal-estar sem fundamento lógico. É a sensação do pecado, logo da culpa.
Não estou falando dos crimes, das ações imorais. Estas, pela lógica, você chega à conclusão de que são erradas e repreensíveis. Falo dos atos naturais, que são tidos como pecaminosos e imorais.
Comer uma torta de morango para alguns é pecado. Gastar dinheiro em lazer, questionar autoridades, fazer sexo, jogar futebol, dizer “não”... para muitos é pecado. Aí surge o problema, pois (quase) todos fazem essas coisas “pecaminosas” e naturalmente se sentem culpados.
Nunca serão bons, pois os bons são os que se privam disso tudo. Logo não merecem o céu, os planos superiores, a felicidade...
A partir daí surge o masoquismo, pois as pessoas que alimentam a culpa só se sentem bem realmente quando sofrem. O sofrimento é uma espécie de redenção... de purificação. A consciência se tranqüiliza. “Sofro para purgar.”
Mas quem a pôs aqui dentro?
Eram dois sócios.
Pela madrugada um deles jogava, nas portas e paredes das casas de uma cidadezinha, uma substância imunda e corrosiva. Após feita a maldade, ele ia embora.
Quando os moradores despertavam, viam aquela sujeira em suas portas e janelas e se perguntavam: como limpar isso? Nada parece funcionar.
Nisso chegava um dos sócios e dizia: “Para essa substância tenho uma fórmula milagrosa. Fiquem tranqüilos, basta me contratarem”.
Todos contratavam seus serviços e ficavam satisfeitos.
Essa história, Osho utiliza para ilustrar um fato milenar: os sacerdotes de diversas religiões inculcam o mal da culpa na mente dos fiéis para depois apresentarem-se como os portadores do remédio.
A culpa, o medo, o risco da possessão diabólica... são armas utilizadas até hoje na busca de fiéis.
Os que deveriam libertar consciências acabam por fazer de tudo para aprisioná-las.
Poucas coisas aprisionam mais que o sentimento de culpa.
Reconstruindo o conceito de culpa
O sentimento de culpa ligado ao pecado deve ser abolido.
Chamamos de culpa a responsabilidade diante de nossos atos.
Agora, quando falo “sou culpado”, estou dizendo: “sou responsável”.
Desta forma as coisas ficam mais tranqüilas.... Não vou mais arder eternamente no fogo do inferno, ou estacionar a vida por que errei.
Tenho que saber onde errei e procurar corrigir meu erros.
Ser responsável é saber que todas as ações realizadas por nós nos dizem respeito. Não podemos responsabilizar os outros por nossas decisões e atos.
Somos seres livres.
Se somos livres para fazer, obviamente devemos compreender que as reações obtidas com nossos atos estarão conosco.
No universo existe a lei de ação e reação e, conforme disse Jesus, cada um recebe segundo suas obras.
Se comemos demais a digestão é ruim. Se comemos de menos enfraquecemos. Se ficamos expostos ao sol de meio dia, sem filtro solar, nos queimamos. Se não estudamos para os testes não somos aprovados. Se alimentamos a raiva, surge o mal estar, dores no peito, queimação no estômago, problemas de toda ordem...
Ação e reação.
Culpa e castigo.
Quem é o culpado?
“É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem- Deus, por Jesus-Cristo.”[1]
Ser culpado, ou seja, responsável por “um falso movimento da alma”, significa ser responsável por agir contra a ordem universal... contra a harmonia. O belo e o bem geram a ordem. O feio e o erro a desordem.
Que é o castigo?
“A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção.”
Sofrer um castigo é “uma certa soma de dores”. Não somente a dor de barriga, ou a dor de cabeça. Todas as conseqüências de nossos atos perturbadores é o que chamamos de “castigo”.
E não é um castigo eterno. Pois nenhum erro é eterno.
O sábio toma consciência da vida, entendendo os mecanismos da dor, fazendo de tudo para evitá-la. Eis o bom exercício da liberdade e da responsabilidade.
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)
Os sábios vencem a culpa
(Sobre o item 1009 d´O Livro dos Espíritos)
A culpa dentro de nós
A culpa mora em nossa mente. Foi colocada lá. Isso faz com que muitas vezes não consigamos, racionalmente, entendê-la. Ela não é lógica... ela não é natural.
Diante de alguns atos, sentimos um mal-estar sem fundamento lógico. É a sensação do pecado, logo da culpa.
Não estou falando dos crimes, das ações imorais. Estas, pela lógica, você chega à conclusão de que são erradas e repreensíveis. Falo dos atos naturais, que são tidos como pecaminosos e imorais.
Comer uma torta de morango para alguns é pecado. Gastar dinheiro em lazer, questionar autoridades, fazer sexo, jogar futebol, dizer “não”... para muitos é pecado. Aí surge o problema, pois (quase) todos fazem essas coisas “pecaminosas” e naturalmente se sentem culpados.
Nunca serão bons, pois os bons são os que se privam disso tudo. Logo não merecem o céu, os planos superiores, a felicidade...
A partir daí surge o masoquismo, pois as pessoas que alimentam a culpa só se sentem bem realmente quando sofrem. O sofrimento é uma espécie de redenção... de purificação. A consciência se tranqüiliza. “Sofro para purgar.”
Mas quem a pôs aqui dentro?
Eram dois sócios.
Pela madrugada um deles jogava, nas portas e paredes das casas de uma cidadezinha, uma substância imunda e corrosiva. Após feita a maldade, ele ia embora.
Quando os moradores despertavam, viam aquela sujeira em suas portas e janelas e se perguntavam: como limpar isso? Nada parece funcionar.
Nisso chegava um dos sócios e dizia: “Para essa substância tenho uma fórmula milagrosa. Fiquem tranqüilos, basta me contratarem”.
Todos contratavam seus serviços e ficavam satisfeitos.
Essa história, Osho utiliza para ilustrar um fato milenar: os sacerdotes de diversas religiões inculcam o mal da culpa na mente dos fiéis para depois apresentarem-se como os portadores do remédio.
A culpa, o medo, o risco da possessão diabólica... são armas utilizadas até hoje na busca de fiéis.
Os que deveriam libertar consciências acabam por fazer de tudo para aprisioná-las.
Poucas coisas aprisionam mais que o sentimento de culpa.
Reconstruindo o conceito de culpa
O sentimento de culpa ligado ao pecado deve ser abolido.
Chamamos de culpa a responsabilidade diante de nossos atos.
Agora, quando falo “sou culpado”, estou dizendo: “sou responsável”.
Desta forma as coisas ficam mais tranqüilas.... Não vou mais arder eternamente no fogo do inferno, ou estacionar a vida por que errei.
Tenho que saber onde errei e procurar corrigir meu erros.
Ser responsável é saber que todas as ações realizadas por nós nos dizem respeito. Não podemos responsabilizar os outros por nossas decisões e atos.
Somos seres livres.
Se somos livres para fazer, obviamente devemos compreender que as reações obtidas com nossos atos estarão conosco.
No universo existe a lei de ação e reação e, conforme disse Jesus, cada um recebe segundo suas obras.
Se comemos demais a digestão é ruim. Se comemos de menos enfraquecemos. Se ficamos expostos ao sol de meio dia, sem filtro solar, nos queimamos. Se não estudamos para os testes não somos aprovados. Se alimentamos a raiva, surge o mal estar, dores no peito, queimação no estômago, problemas de toda ordem...
Ação e reação.
Culpa e castigo.
Quem é o culpado?
“É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem- Deus, por Jesus-Cristo.”[1]
Ser culpado, ou seja, responsável por “um falso movimento da alma”, significa ser responsável por agir contra a ordem universal... contra a harmonia. O belo e o bem geram a ordem. O feio e o erro a desordem.
Que é o castigo?
“A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção.”
Sofrer um castigo é “uma certa soma de dores”. Não somente a dor de barriga, ou a dor de cabeça. Todas as conseqüências de nossos atos perturbadores é o que chamamos de “castigo”.
E não é um castigo eterno. Pois nenhum erro é eterno.
O sábio toma consciência da vida, entendendo os mecanismos da dor, fazendo de tudo para evitá-la. Eis o bom exercício da liberdade e da responsabilidade.
Erros
Por que erramos? Os enganos contribuem, de alguma forma, para nosso amadurecimento íntimo? Alimentar a culpa e o remorso perante os equívocos pode nos trazer algum benefício? O que necessitamos observar para não ficarmos cometendo sempre os mesmos erros? Somos nós os maiores causadores dos próprios infortúnios?
Erro é sinônimo de engano, equívoco, conceito inadequado ou crença falsa.
E por que as pessoas erram? Por não estarem plenamente conscientes dos objetivos maiores que dizem respeito à sua existência, existem criaturas que se deixam conduzir por ideias, crenças e costumes vigentes, porém, não se permitindo reflexões mais consistentes quanto à validade e/ou superioridade de todos eles.
Mas, o que é o certo? E o errado, como sabê-lo?
Diante dessa dúvida, tão antiga quanto universal, na questão 632, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec questiona a Espiritualidade Maior: “O homem, que está sujeito a erros, não pode se enganar na apreciação do bem e do mal, e crer que faz o bem quando, na realidade, faz o mal?” [1]
Resposta: “Jesus vos disse: vede o que quereríeis que se fizesse ou não fizesse para vós: tudo está nisso. Não vos enganareis.”
E será que o ser humano consegue viver plenamente essa premissa: não fazer ao outro o que não gostaria de receber em contrapartida? Infelizmente, ainda não, porque a real vivência desse postulado requer o mais profundo entendimento dos sentimentos alheios, julgamento esse que, em geral, as pessoas não dominam, por desconhecerem o seu próprio íntimo!
Aliás, a falta de autoconhecimento é uma das principais causas de nossos erros. Quanto maior for a compreensão daquilo que verdadeiramente nos beneficia e nos prejudica, bem como da própria realidade, mais aptos nos tornamos para discernir certo e o errado, o bem e o mal. Nesse sentido, o Espírito Hammed considera:
A grande maioria das criaturas encarnadas na Terra são almas que ignoram suas potencialidades divinas, isto é, não são más por natureza, mas estão conhecendo e/ou aprendendo através das vidas sucessivas; portanto, ainda não sabem agir de forma adequada ou julgar as coisas corretamente. Desconhecem sua perfectibilidade – qualidade daqueles que são suscetíveis de atingir a perfeição.
Por isso, desacertos fazem parte de nosso processo evolutivo, pois ninguém nesse mundo consegue aprender e crescer sem equivocar-se. [2]
No entanto, nossa atual condição evolutiva não nos permite um total acerto nas escolhas e atitudes. Mas, conforme Hammed, o erro também nos ensina a interpretar melhor todas as coisas, porque nos demonstra, através da própria experiência, o que, de fato, dá certo e o que dá errado! E, assim, ele prossegue:
Experiências felizes ou infelizes são passos valiosos em nossa existência, desde que percebamos o quanto elas têm para nos ensinar ou mostrar.
Todos temos o direito de escolher o que vamos fazer com as lições que a vida nos oferece. Mas, sem dúvida, se recusarmos o desafio de compreendê-las e assimilá-las, essas mesmas lições voltarão revestidas em novas embalagens.
Só não erra quem nunca fez ou nada tentou. O que se julga perfeito não está aberto para a mudança ou aprendizagem, porquanto a verdadeira sabedoria exige a humildade de aceitarmos o que não conhecemos. A casa mental daquele que se julga ‘infalível’ pode ser comparada a um espaço que já está completamente ocupado; nada nela pode ser acrescentado. Aliás, apenas quando retiramos o velho é que criamos um espaço para o necessário ou o novo.
(...) Jesus Cristo entendia perfeitamente o âmago das criaturas, o que o levou a afirmar: “Todo aquele que meu Pai me der virá a mim, e quem vem a mim, eu não o rejeitarei. (João 6:37)
O Mestre nunca desprezou quem quer que fosse; sempre acolhia, entendia, valorizava, consolava e encorajava a todos. Jamais puniu as atitudes equivocadas das criaturas, antes as compreendia por saber da fragilidade e falibilidade dos seres humanos. Via os erros como uma forma de aprendizagem, de retificação e de possibilidade de futura transformação interior. Não os entendia como objetos de condenação, mas como um mal-entendido ou erros de interpretação; consequências naturais da fase evolutiva pela qual a humanidade estava passando. [2]
Todas as circunstâncias e ocorrências de nosso cotidiano são necessárias para o conhecimento daquilo que ainda não sabemos. E é esse processo de aprendizagem que tem a possibilidade de nos preparar para que as experiências futuras sejam as mais positivas e satisfatórias possíveis. Entretanto, se relutarmos em aproveitar as lições que os acontecimentos nos endereçam, notadamente através dos equívocos, eles – situações e erros – repetir-se-ão até que seu conteúdo seja por nós plenamente apreendido e compreendido.
A conscientização de que somos os causadores dos próprios problemas trata-se de algo um tanto desagradável, porém, extremamente necessário. Muito embora a tendência seja procurar a causa dos nossos sofrimentos e contrariedades naquilo que nos é exterior, tudo o que nos afeta negativamente teve e/ou tem sua origem em nosso próprio íntimo. E é nesse momento de autopercepção que a vida nos solicita humildade, coragem e força moral para reconhecermos a própria falibilidade!
Ainda de Hammed:
Muitas pessoas acham sinal de fraqueza admitir que são falíveis. Na realidade, quando admitimos nossa vulnerabilidade, afastamos a tensão do ‘egoísmo defensivo’, de tudo sabermos ou conhecermos. Somos propensos a cometer ‘erros de cálculo’. Enganos são inerentes à condição humana. [3]
Quando conseguimos identificar os próprios erros, alimentando pesar pelas atitudes negativas que tomamos, o sentimento que desabrocha, inevitavelmente, é o arrependimento. Mas, conjuntamente a ele, outros dois também podem surgir: a culpa e o remorso. E isso é o que de pior pode acontecer!
A culpa é uma cobrança íntima, com pesada carga de autoacusação, visto apontar os erros de maneira extremamente negativa e fazer nos sentirmos envergonhados, derrotados e – quantas vezes! – sem forças para seguir adiante.
Por sua vez, o remorso que, segundo definição, caracteriza-se pelo tormento e aflição, pelo remordimento e revolta da consciência –, também exaure com nossas forças, porque ele nos faz reviver infinitas vezes a impressão ruim que o erro praticado causou a nós ou ao(s) outro(s).
Quanto à adoção desse tipo de emoções perante os próprios enganos, o Espírito Joanes aconselha:
Aprenda a pedir desculpa, a confessar seus erros, a admitir seus equívocos, para que não aninhe remorsos na alma, ou para que o remorso tenha o poder de lhe fazer reerguer e não sucumbir.
Considere que você não é infalível. Dê-se conta de que não é invulnerável.
E, assim, terá tranquilidade em admitir o lado que ainda vibra feio em sua intimidade.
Somente quando se decida a não mais alimentar remorsos, por orgulho ou algo que corresponda a isso, é que você deixará de padecer desnecessariamente.
Confesse, dessa forma, o seu erro, quando ele ocorra, e parta para o acerto, pois todos os que seguem pelos caminhos humanos podem tropeçar, podem tombar, mas que, em nome do autorrespeito, aprendam a recuperar-se, a soerguer-se, a elevar-se para os planos de luz da alma em paz. [4]
Quando nos mantemos presos a complicados sentimentos de culpa e remorso, deixamos de perceber que as atuações que tivemos no passado eram compatíveis com o grau de entendimento e de experiência que possuíamos na época. Daí a necessidade reavaliarmos, constantemente, atitudes, pensamentos e sentimentos, para não ficarmos cometendo sempre os mesmos erros. Infrutíferos são, portanto, os dramas de consciência, porque não dá para voltar atrás e refazer o curso da história.
Temos de confiar que o momento presente é o que de melhor dispomos para mudar, para crescer, para ampliar nosso discernimento sobre o certo e o errado, o bem e o mal, e não fazer aos outros aquilo que não gostaríamos de receber em contrapartida, pois, conforme informações dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, “tudo está nisso. Não vos enganareis”.
Errar faz parte da trajetória evolutiva do ser humano.
Somente alguém muito presunçoso poderia achar que nunca errou ou que nunca vai errar. Bom, então é exercitar o autoperdão!
Veja que Deus projetou a nossa caminhada evolutiva por meio das inúmeras vidas, exatamente porque sabia que nós poderíamos errar, falhar. Deus conhece muito bem a nossa fragilidade. Aliás, penso que os nossos desvios derivam de uma falsa percepção da realidade. Quanto maior for o nosso conhecimento, maior também será a nossa capacidade de perceber diferenças e, consequentemente, de fazer opções mais acertadas.
O Cristo, no auge do martírio da cruz, disse talvez uma de suas mais importantes frases:
‘Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.’ (Lc 23:33-34)
Com tal afirmação, Jesus quis dizer que todo mal procede da ignorância. Assim, devemos ver que os erros do passado foram praticados de acordo com a capacidade de entendimento que naquele momento possuíamos. Logo, não adianta lamentação quanto aos erros de outrora. O que foi feito está feito. Não dá para voltar ao passado e impedir que aquela conduta não seja mais praticada. Impossível. Mas podemos remediar os erros cometidos. Primeiro, entendo o motivo de nosso agir, indagando-nos:
‘Por que, naquela situação, me comportei daquela maneira?’
É muito importante investigar a causa de nossas condutas, a fim de não cometermos novamente o mesmo erro. Depois de assimilada a lição, devemos procurar minimizar os efeitos da conduta faltosa. Sempre haverá uma forma de reparar os nossos erros (...).
O passado então nos serve para melhorar o presente, na medida em que, aprendendo com os erros de ontem, renovo as condutas de hoje para que o amanhã seja melhor. Que beleza, não é?
Viver no passado é perda de tempo! Meu amigo, o passado já foi, não volta mais. Quando nós estamos vivendo no passado, o presente não consegue fluir. Quem vive no passado não consegue enxergar o presente. É hoje que se encontram todas as possibilidades de felicidade.
O passado você não consegue mudar, mas o presente é o momento que Deus lhe concede para renovar suas atitudes e descobrir todo o seu potencial.
Olhe para o hoje! Veja quantas oportunidades estão à sua espera. (...) Largue o passado para o passado largar você.
(...) Se você cometeu algum erro, perdoe-se e repare sua falta. Se prejudicou alguém, peça perdão e, sendo possível, repare sua falta. Não deixe de entender a lição que o erro lhe trouxe, renovando o seu comportamento.
Não seja a mesma pessoa que você foi no passado.
Renove-se, para melhor. Essa é a lei da evolução.
Se alguém o feriu, esqueça a ofensa. Exercite o perdão. O problema é de quem o ofendeu. O perdão é sempre melhor para quem perdoa.
Enfim, meu amigo, ficar preso ao passado não dá futuro.
Hoje é o melhor tempo que existe.
Liberte-se e comece a viver o agora. [5]
Deus não condena ninguém. Todos nós erramos com frequência e não há na face da Terra quem esteja livre de tropeços. (...) O que mais importa é a nossa capacidade de recuperação diante do erro praticado. Deus não quer choros, lamentações, dramas de consciência. (...) a vida coopera para a nossa reabilitação, não para que fiquemos em vão na prisão de nossas culpas. Por isso, diante do erro, busquemos sanar o equívoco pelo amor. Esse é o remédio sagrado para nossas feridas. (...) Culpar-se, nunca, mas reabilitar-se, sempre, eis aí um programa de amor que podemos estabelecer em razão das nossas inevitáveis quedas. [6]
Silvia Helena Visnadi Pessenda
sivipessenda@uol.com.br
REFERÊNCIAS
[1] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996.
[2] HAMMED (espírito); SANTO NETO, Francisco do Espírito (psicografado por). A imensidão dos sentidos. 3. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2000. Cap. “Falibilidade”. p. 90-1.
[3] Idem. Cap. “Personalidade perfeccionista”. p. 146.
[4] JOANES (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Para uso diário. 2. ed. Niterói, RJ: Fráter. 2000. Cap. “No dia do remorso”. p. 115-116.
[5] DE LUCCA, José Carlos. Sem Medo de ser Feliz. 1. ed. São Paulo: Petit, 1999. Cap. “Você está vivendo no passado?”. p. 51-56.
[6] ______. Justiça além da vida. 1. ed. São Paulo: Petit, 2001. Cap. 14. p. 68.
A Psicologia da Culpa
Texto de Joanna de Angelis, do livro “Conflitos Existenciais”, psicografado por Divaldo Franco
Duas são as causas psicológicas da culpa: a que procede da sombra escura do passado, da consciência que se sente responsável por males que haja praticado em relação a outrem e a que tem sua origem na infância, como decorrência da educação que é ministrada.
A culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente.
Este procedimento preexiste à vida física, porque originário, na sua primeira proposta, como gravame cometido contra o próximo, que gerou conflito de consciência.
Quando a ação foi desencadeada, a raiva, o ódio ou o desejo de vingança, ou mesmo a inconsequência moral, não se permitiram avaliação do desatino, atendendo ao impulso nascido na mesquinhez ou no primarismo pessoal. Lentamente, porém, o remorso gerou o fenômeno de identificação do erro, mas não se fez acompanhar de coragem para a conveniente reparação, transferindo para os arquivos do Espírito o conflito em forma de culpa, que ressuma facilmente ante o desencadear de qualquer ocorrência produzida pela associação de ideias condutora da lembrança inconsciente.
Quando isto ocorre, o indivíduo experimenta insopitável angústia, e procura recurso de autopunição como mecanismo libertador para a consciência responsável pelo delito que ninguém conhece, mas se lhe encontra ínsito no mapa das realizações pessoais, portanto, intransferível.
Apresenta-se como uma forte impregnação emocional, em forma de representações ou idéias (lembranças inconscientes), parcial ou totalmente reprimidas, que ressurgem no comportamento, nos sonhos, com fortes tintas de conflito psicológico.
Na segunda hipótese, a má formação educacional, especialmente quando impede a criança de desenvolver a identidade, conspira para a instalação da culpa.
Normalmente exige-se que o educando seja parcial e adulador, concordando com as ideias dos adultos – pais e educadores – que estabelecem os parâmetros da sua conduta, sem terem em vista a sua espontaneidade, a sua liberdade de pensamento, a sua visão da existência humana em desenvolvimento e formação.
É de lamentar-se que as crianças sejam manipuladas por genitores e professores, quando frustrados, que lhes transmitem a própria insegurança, insculpindo-lhes comportamentos que a si mesmos se agradam em detrimento do que é de melhor para o aprendiz.
Precipita-se-lhe a fase do desenvolvimento adulto com expressões pieguistas, nas quais se afirmam: “já é uma mocinha”, “trata-se de um rapazinho”, inculcando-lhes condutas extravagantes, sem que deixem de ser realmente crianças.
A vida infantil é relevante na formação da personalidade, na construção da consciência do Si, na definição dos rumos existenciais.
A conduta dos adultos grava no educando a forma de ser ou de parecer, de conviver ou de agradar, de conquistar ou de utilizar-se, dando surgimento, quase sempre, quando não correta, a inúmeros conflitos, a diversas culpas.
Constrangida a ocultar a sua realidade, a fim de não ser punida, sentindo-se obrigada a agradar os seus orientadores, a criança compõe um quadro de aparência como forma de conveniência, frustrando-se profundamente e perturbando o caráter moral que perde as diretrizes de dignidade, os referenciais do que é certo e do que é errado.
Essa má-educação é imposta para que os educandos sejam bons meninos e boas meninas, o que equivale dizer, que atendam sempre aos interesses dos adultos, não os contrariando, não os desobedecendo. Bem poucas vezes pensa-se no bem estar da criança, no que lhe apraz, naquilo que lhe é compatível com o entendimento.
Vezes outras, como forma escapista da própria consciência os pais cumulam os filhos com brinquedos e jogos, em atitude igualmente infantil de suborno emocional, a fim de os distrair, em realidade, no entanto, para fugirem ao dever da sua companhia, dos diálogos indispensáveis, da convivência educativa mais pelos atos do que pelas palavras.
Apesar de pretender-se tornar independente o educando, invariavelmente ele cresce co-dependente, isto é, sem liberdade de ação, de satisfação, culpando-se toda vez que se permite o prazer pessoal fora dos padrões estabelecidos e das imposições programadas.
Para poupar-se a problemas, perde a capacidade de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que pensa, com o que sente, com o que deseja.
Não poucas vezes, a criança é punida quando se opõe, quando externa o seu pensamento, quando se nega, alterando a maneira de ser, a fim e evitar-se os sofrimentos.
Há uma necessidade psicológica de negar-se, de dizer-se não, sempre que se faça próprio, sem a utilização de métodos escapistas que induzem à pusilanimidade, à incoerência de natureza moral
Não se pode concordar com tudo, e, ipso facto, omitir-se de dizer-se o que se pensa, de negar-se, de ser-se autêntico. Certamente a maneira de expressar a opinião é que se torna relevante, evitando-se a agressividade na resposta negativa, a prepotência na maneira de traduzir o pensamento oposto. Torna-se expressivo, de certo modo, não exatamente o que se diz, mas a maneira como se enuncia a informação.
Esse hábito, porém, deve ser iniciado na infância, embutindo-se no comportamento do educando a coragem de ser honesto, mesmo que a preço de algum ônus.
Essa insegurança na forma de proceder e a dubiedade de conduta, a que agrada aos outros e aquela que a si mesmo satisfaz, quase sempre desencadeiam processos sutis de culpa, que passam a zurzir o indivíduo na maioria das vezes em que é convidado a definir rumos de comportamento.
A culpa pode apresentar-se a partir do momento em que se deseja viver a independência, como se isso constituísse uma traição, um desrespeito àqueles que contribuíram para o desenvolvimento da existência, que deram orientação, que se esforçaram pela educação recebida. Entretanto, merece considerar que, se o esforço foi realizado com o objetivo de dar felicidade, a mesma começa a partir do instante em que o indivíduo afirma-se como criatura, em que tem capacidade para decidir, para realizar, para fazer-se independente.
Os adultos imaturos, no entanto, diante desse comportamento cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz.
Esse método abusivo é normalmente imposto à infância, propiciando que a culpa se instale, quando a criança dá-se conta de que pensa diferente dos seus pais, exigindo desses educadores sabedoria para poderem diluí-la e apoiarem o que seja correto, modificando o que não esteja compatível com a educação.
A culpa é algoz persistente e perigoso, que merece orientação psicológica urgente.
As Consequências da Culpa não Liberada
A culpa encontra sintonia com as paisagens mais escuras da personalidade humana em que se homizia.
Os conflitos e as mesquinhezes dos sentimentos nutrem-se da presença da culpa, levando a estertores agônicos aquele que lhe sofre a injunção.
Acabrunha e desarticula os mecanismos da fraternidade, tornando o paciente arredio e triste, quando não infeliz e desmotivado.
As suas ações tornam-se policiadas pelo medo de cometer novos desatinos e quase sempre é empurrado para a depressão.
Vezes, porém, outras, apresenta-se com nuanças muito especiais, mediante as quais há uma forma de escamoteá-la através de escusas e de justificações indevidas.
Assevera-se, nessa conduta, que é normal errar, e, sem dúvida, o é, mas não permanecendo em contínua postura de equívocos, prejudicando outras pessoas, sem o reconhecimento das atitudes infelizes que devem sempre ser recuperadas.
Tormentosa é a existência de quem se nutre de culpa, sustentando-a com a sua insegurança. Tudo quanto lhe acontece de negativo, mesmo as ocorrências banais, é absorvido como sentimentos necessários à reparação.
A infância conflituosa, não poucas vezes induz o educando à raiva, ao desejo de vingança, à morte dos pais ou dos mestres. Isto ocorre como catarse liberadora do desgosto. Quando, mais tarde, ocorre algo de infelicitador com aquele a quem foram dirigidos a ira e o desejo de desforço, a culpa instala-se, automaticamente, no enfermo, provocando arrependimento e dor.
Determinados acontecimentos têm lugar, não porque sejam desejados, mas porque sucedem dentro dos fenômenos humanos. Entretanto, a consciência aturdida aflige-se e procura mecanismo de autopunição, encontrando na culpa a melhor forma de descarregar o conflito.
Quando, num acidente, alguém morre ao lado de outrem que sobreviveu, em caso de este não possuir estabilidade emocional, logo se refugia na culpa de haver tomado o lugar na vida que pertencia ao que sucumbiu, sem dar-se conta de que sempre teve igualmente direito à existência.
Tal comportamento mórbido castra muitas iniciativas e desencadeia outros processos autopunitivos de que a vítima não se dá conta.
O arrependimento, que deve ser um fenômeno normal de avaliação das ações, mediante os resultados decorrentes, torna-se, na consciência de culpa, uma chaga a purgar mal-estar e desconfiança.
Como forma de esconder o conflito, surge a autocomiseração, a autocompaixão, quando seria mais correto a liberação do estado emocional, mediante a reparação, se e quando possível.
Reprimir a culpa, tentar ignorá-la é tão negativo quando aceitá-la como ocorrência natural, sem o discernimento da gravidade das ações praticadas.
À medida que é introjetada, porém, a culpa assenhoreia-se da emoção e torna-se punitiva, castradora e perversa.
Gerando perturbações emocionais, pode induzir a comportamentos doentios e atitudes criminosas, em face de repressões da agressividade, de sentimentos negativos incapazes de enfrentamentos claros e honestos que empurram para a traição, para os abismos sombrios da personalidade.
Porque se nutre dos pensamentos atormentadores, o indivíduo sente-se desvalorizado e aflige-se com ideias pessimistas e desagradáveis. Acreditando-se desprezíveis, algumas personalidades de construção frágil escorregam para ações mais conflitivas.
Nos criminosos seriais, por exemplo, a culpa inconsciente propele-os a novos cometimentos homicidas, além do inato impulso psicopata e destrutivo que lhes anula os sentimentos e a lucidez em torno das atrocidades cometidas. Portadores de uma fragmentação da mente, permanecem incapazes de uma avaliação em torno dos próprios atos.
Podem apresentar-se gentis e atraentes, conseguindo, dessa forma, conquistar as suas futuras vítimas, antegozando, no entanto, a satisfação da armadilha que lhes prepara, estimulando-0s ao golpe final.
Bloqueando a culpa, saciam-se, por breve tempo, na aflição e no desespero de quem leva à comsumpção. Quanto maior for o pavor de que o outro dê mostra, mais estímulo para golpear experimenta o agressor. A fúria sádica explode em prazer mórbido e cessa até nova irrupção.
Processos de Libertação da Culpa
Há uma culpa saudável que deve acompanhar os atos humanos quando os mesmos não correspondem aos padrões do equilíbrio e da ética. Esse sentimento, porém, deve ser encarado como um sentido de responsabilidade.
Sem ela, perder-se-ia o controle da situação, permitindo que os indivíduos agissem irresponsavelmente.
Todas as criaturas cometem erros, alguns de natureza grave. No entanto, não tem por que desanimar na luta ou abandonar os compromissos de elevação moral.
O antídoto para a culpa é o perdão. Esse perdão poderá ser direcionado a si mesmo, a quem foi a vítima, à comunidade, à Natureza.
Desde que a paz e a culpa não podem conviver juntas, porque uma elimina a presença da outra, torna-se necessário o exercício da compreensão da própria fraqueza, para que possa a criatura libertar-se da dolorosa injunção.
A coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa.
Consciente do erro, torna-se exequível que se busque uma forma de reparação, e nenhuma é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou, ensejando-lhe a recomposição do que foi danificado.
Tratando-se de culpa que remanesce no inconsciente, procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação, torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e libertador da carga conflitiva.
Ignorando-se-lhe a procedência, não se lhe impede a presença em forma de angústia, de insegurança, de insatisfação, de ausência de merecimento a respeito de tudo de bom e de útil quanto sucede... Assim mesmo, o esforço em favor da solidariedade e da compaixão, elabora mecanismos de diluição do processo afligente.
É comum que o sentimento de vergonha se instale no período infantil, quando ainda não se tem ideia de responsabilidade de deveres, mas se sabe o que é correto ou não para praticar. Não resistindo ao impulso agressivo ou à ação ilegítima, logo advém a vergonha pelo que foi feito, empurrando para fugas psicológicas automáticas que irão repercutir na idade adulta, embora ignorando-se a razão, o porquê.
A culpa tem a ver com o que foi feito de errado, enquanto que o sentimento de vergonha denota a consciência da irresponsabilidade, o conhecimento da ação negativa que foi praticada.
Somente a decisão de permitir-se herança perturbadora, que remanesce do período infantil, superando-a, torna possível a conquista do equilíbrio, da auto-segurança, da paz.
A saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-se do contributo valioso do discernimento que avalia a qualidade das ações e permite as reparações quando equivocadas e o prosseguimento delas quando acertadas.
Texto obtido de: http://www.cacef.info/news
Duas são as causas psicológicas da culpa: a que procede da sombra escura do passado, da consciência que se sente responsável por males que haja praticado em relação a outrem e a que tem sua origem na infância, como decorrência da educação que é ministrada.
A culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente.
Este procedimento preexiste à vida física, porque originário, na sua primeira proposta, como gravame cometido contra o próximo, que gerou conflito de consciência.
Quando a ação foi desencadeada, a raiva, o ódio ou o desejo de vingança, ou mesmo a inconsequência moral, não se permitiram avaliação do desatino, atendendo ao impulso nascido na mesquinhez ou no primarismo pessoal. Lentamente, porém, o remorso gerou o fenômeno de identificação do erro, mas não se fez acompanhar de coragem para a conveniente reparação, transferindo para os arquivos do Espírito o conflito em forma de culpa, que ressuma facilmente ante o desencadear de qualquer ocorrência produzida pela associação de ideias condutora da lembrança inconsciente.
Quando isto ocorre, o indivíduo experimenta insopitável angústia, e procura recurso de autopunição como mecanismo libertador para a consciência responsável pelo delito que ninguém conhece, mas se lhe encontra ínsito no mapa das realizações pessoais, portanto, intransferível.
Apresenta-se como uma forte impregnação emocional, em forma de representações ou idéias (lembranças inconscientes), parcial ou totalmente reprimidas, que ressurgem no comportamento, nos sonhos, com fortes tintas de conflito psicológico.
Na segunda hipótese, a má formação educacional, especialmente quando impede a criança de desenvolver a identidade, conspira para a instalação da culpa.
Normalmente exige-se que o educando seja parcial e adulador, concordando com as ideias dos adultos – pais e educadores – que estabelecem os parâmetros da sua conduta, sem terem em vista a sua espontaneidade, a sua liberdade de pensamento, a sua visão da existência humana em desenvolvimento e formação.
É de lamentar-se que as crianças sejam manipuladas por genitores e professores, quando frustrados, que lhes transmitem a própria insegurança, insculpindo-lhes comportamentos que a si mesmos se agradam em detrimento do que é de melhor para o aprendiz.
Precipita-se-lhe a fase do desenvolvimento adulto com expressões pieguistas, nas quais se afirmam: “já é uma mocinha”, “trata-se de um rapazinho”, inculcando-lhes condutas extravagantes, sem que deixem de ser realmente crianças.
A vida infantil é relevante na formação da personalidade, na construção da consciência do Si, na definição dos rumos existenciais.
A conduta dos adultos grava no educando a forma de ser ou de parecer, de conviver ou de agradar, de conquistar ou de utilizar-se, dando surgimento, quase sempre, quando não correta, a inúmeros conflitos, a diversas culpas.
Constrangida a ocultar a sua realidade, a fim de não ser punida, sentindo-se obrigada a agradar os seus orientadores, a criança compõe um quadro de aparência como forma de conveniência, frustrando-se profundamente e perturbando o caráter moral que perde as diretrizes de dignidade, os referenciais do que é certo e do que é errado.
Essa má-educação é imposta para que os educandos sejam bons meninos e boas meninas, o que equivale dizer, que atendam sempre aos interesses dos adultos, não os contrariando, não os desobedecendo. Bem poucas vezes pensa-se no bem estar da criança, no que lhe apraz, naquilo que lhe é compatível com o entendimento.
Vezes outras, como forma escapista da própria consciência os pais cumulam os filhos com brinquedos e jogos, em atitude igualmente infantil de suborno emocional, a fim de os distrair, em realidade, no entanto, para fugirem ao dever da sua companhia, dos diálogos indispensáveis, da convivência educativa mais pelos atos do que pelas palavras.
Apesar de pretender-se tornar independente o educando, invariavelmente ele cresce co-dependente, isto é, sem liberdade de ação, de satisfação, culpando-se toda vez que se permite o prazer pessoal fora dos padrões estabelecidos e das imposições programadas.
Para poupar-se a problemas, perde a capacidade de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que pensa, com o que sente, com o que deseja.
Não poucas vezes, a criança é punida quando se opõe, quando externa o seu pensamento, quando se nega, alterando a maneira de ser, a fim e evitar-se os sofrimentos.
Há uma necessidade psicológica de negar-se, de dizer-se não, sempre que se faça próprio, sem a utilização de métodos escapistas que induzem à pusilanimidade, à incoerência de natureza moral
Não se pode concordar com tudo, e, ipso facto, omitir-se de dizer-se o que se pensa, de negar-se, de ser-se autêntico. Certamente a maneira de expressar a opinião é que se torna relevante, evitando-se a agressividade na resposta negativa, a prepotência na maneira de traduzir o pensamento oposto. Torna-se expressivo, de certo modo, não exatamente o que se diz, mas a maneira como se enuncia a informação.
Esse hábito, porém, deve ser iniciado na infância, embutindo-se no comportamento do educando a coragem de ser honesto, mesmo que a preço de algum ônus.
Essa insegurança na forma de proceder e a dubiedade de conduta, a que agrada aos outros e aquela que a si mesmo satisfaz, quase sempre desencadeiam processos sutis de culpa, que passam a zurzir o indivíduo na maioria das vezes em que é convidado a definir rumos de comportamento.
A culpa pode apresentar-se a partir do momento em que se deseja viver a independência, como se isso constituísse uma traição, um desrespeito àqueles que contribuíram para o desenvolvimento da existência, que deram orientação, que se esforçaram pela educação recebida. Entretanto, merece considerar que, se o esforço foi realizado com o objetivo de dar felicidade, a mesma começa a partir do instante em que o indivíduo afirma-se como criatura, em que tem capacidade para decidir, para realizar, para fazer-se independente.
Os adultos imaturos, no entanto, diante desse comportamento cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz.
Esse método abusivo é normalmente imposto à infância, propiciando que a culpa se instale, quando a criança dá-se conta de que pensa diferente dos seus pais, exigindo desses educadores sabedoria para poderem diluí-la e apoiarem o que seja correto, modificando o que não esteja compatível com a educação.
A culpa é algoz persistente e perigoso, que merece orientação psicológica urgente.
As Consequências da Culpa não Liberada
A culpa encontra sintonia com as paisagens mais escuras da personalidade humana em que se homizia.
Os conflitos e as mesquinhezes dos sentimentos nutrem-se da presença da culpa, levando a estertores agônicos aquele que lhe sofre a injunção.
Acabrunha e desarticula os mecanismos da fraternidade, tornando o paciente arredio e triste, quando não infeliz e desmotivado.
As suas ações tornam-se policiadas pelo medo de cometer novos desatinos e quase sempre é empurrado para a depressão.
Vezes, porém, outras, apresenta-se com nuanças muito especiais, mediante as quais há uma forma de escamoteá-la através de escusas e de justificações indevidas.
Assevera-se, nessa conduta, que é normal errar, e, sem dúvida, o é, mas não permanecendo em contínua postura de equívocos, prejudicando outras pessoas, sem o reconhecimento das atitudes infelizes que devem sempre ser recuperadas.
Tormentosa é a existência de quem se nutre de culpa, sustentando-a com a sua insegurança. Tudo quanto lhe acontece de negativo, mesmo as ocorrências banais, é absorvido como sentimentos necessários à reparação.
A infância conflituosa, não poucas vezes induz o educando à raiva, ao desejo de vingança, à morte dos pais ou dos mestres. Isto ocorre como catarse liberadora do desgosto. Quando, mais tarde, ocorre algo de infelicitador com aquele a quem foram dirigidos a ira e o desejo de desforço, a culpa instala-se, automaticamente, no enfermo, provocando arrependimento e dor.
Determinados acontecimentos têm lugar, não porque sejam desejados, mas porque sucedem dentro dos fenômenos humanos. Entretanto, a consciência aturdida aflige-se e procura mecanismo de autopunição, encontrando na culpa a melhor forma de descarregar o conflito.
Quando, num acidente, alguém morre ao lado de outrem que sobreviveu, em caso de este não possuir estabilidade emocional, logo se refugia na culpa de haver tomado o lugar na vida que pertencia ao que sucumbiu, sem dar-se conta de que sempre teve igualmente direito à existência.
Tal comportamento mórbido castra muitas iniciativas e desencadeia outros processos autopunitivos de que a vítima não se dá conta.
O arrependimento, que deve ser um fenômeno normal de avaliação das ações, mediante os resultados decorrentes, torna-se, na consciência de culpa, uma chaga a purgar mal-estar e desconfiança.
Como forma de esconder o conflito, surge a autocomiseração, a autocompaixão, quando seria mais correto a liberação do estado emocional, mediante a reparação, se e quando possível.
Reprimir a culpa, tentar ignorá-la é tão negativo quando aceitá-la como ocorrência natural, sem o discernimento da gravidade das ações praticadas.
À medida que é introjetada, porém, a culpa assenhoreia-se da emoção e torna-se punitiva, castradora e perversa.
Gerando perturbações emocionais, pode induzir a comportamentos doentios e atitudes criminosas, em face de repressões da agressividade, de sentimentos negativos incapazes de enfrentamentos claros e honestos que empurram para a traição, para os abismos sombrios da personalidade.
Porque se nutre dos pensamentos atormentadores, o indivíduo sente-se desvalorizado e aflige-se com ideias pessimistas e desagradáveis. Acreditando-se desprezíveis, algumas personalidades de construção frágil escorregam para ações mais conflitivas.
Nos criminosos seriais, por exemplo, a culpa inconsciente propele-os a novos cometimentos homicidas, além do inato impulso psicopata e destrutivo que lhes anula os sentimentos e a lucidez em torno das atrocidades cometidas. Portadores de uma fragmentação da mente, permanecem incapazes de uma avaliação em torno dos próprios atos.
Podem apresentar-se gentis e atraentes, conseguindo, dessa forma, conquistar as suas futuras vítimas, antegozando, no entanto, a satisfação da armadilha que lhes prepara, estimulando-0s ao golpe final.
Bloqueando a culpa, saciam-se, por breve tempo, na aflição e no desespero de quem leva à comsumpção. Quanto maior for o pavor de que o outro dê mostra, mais estímulo para golpear experimenta o agressor. A fúria sádica explode em prazer mórbido e cessa até nova irrupção.
Processos de Libertação da Culpa
Há uma culpa saudável que deve acompanhar os atos humanos quando os mesmos não correspondem aos padrões do equilíbrio e da ética. Esse sentimento, porém, deve ser encarado como um sentido de responsabilidade.
Sem ela, perder-se-ia o controle da situação, permitindo que os indivíduos agissem irresponsavelmente.
Todas as criaturas cometem erros, alguns de natureza grave. No entanto, não tem por que desanimar na luta ou abandonar os compromissos de elevação moral.
O antídoto para a culpa é o perdão. Esse perdão poderá ser direcionado a si mesmo, a quem foi a vítima, à comunidade, à Natureza.
Desde que a paz e a culpa não podem conviver juntas, porque uma elimina a presença da outra, torna-se necessário o exercício da compreensão da própria fraqueza, para que possa a criatura libertar-se da dolorosa injunção.
A coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa.
Consciente do erro, torna-se exequível que se busque uma forma de reparação, e nenhuma é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou, ensejando-lhe a recomposição do que foi danificado.
Tratando-se de culpa que remanesce no inconsciente, procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação, torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e libertador da carga conflitiva.
Ignorando-se-lhe a procedência, não se lhe impede a presença em forma de angústia, de insegurança, de insatisfação, de ausência de merecimento a respeito de tudo de bom e de útil quanto sucede... Assim mesmo, o esforço em favor da solidariedade e da compaixão, elabora mecanismos de diluição do processo afligente.
É comum que o sentimento de vergonha se instale no período infantil, quando ainda não se tem ideia de responsabilidade de deveres, mas se sabe o que é correto ou não para praticar. Não resistindo ao impulso agressivo ou à ação ilegítima, logo advém a vergonha pelo que foi feito, empurrando para fugas psicológicas automáticas que irão repercutir na idade adulta, embora ignorando-se a razão, o porquê.
A culpa tem a ver com o que foi feito de errado, enquanto que o sentimento de vergonha denota a consciência da irresponsabilidade, o conhecimento da ação negativa que foi praticada.
Somente a decisão de permitir-se herança perturbadora, que remanesce do período infantil, superando-a, torna possível a conquista do equilíbrio, da auto-segurança, da paz.
A saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-se do contributo valioso do discernimento que avalia a qualidade das ações e permite as reparações quando equivocadas e o prosseguimento delas quando acertadas.
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