A verdade ou a ilusão ?
Espiritismo
J. Garcelan
j.garcelan@uol.com.br
De vez em quando encontramos um irmão hesitante entre não continuar ou prosseguir na Doutrina Espírita. Ou ainda aqueles que, não encontrando o que estavam buscando, "desertam" em busca de ilusões materialistas onde possam satisfazer suas vontades, não importando o que Jesus deixou como herança para a Humanidade, ou seja, uma "Formula de Bem Viver", inserida no Novo Testamento e em o "Evangelho Segundo o Espiritismo". Este último, esclarecendo com nitidez as palavras do Messias não dando azo a interpretações dúbias.
Muitos desses irmãos adentram um Centro Espírita pela dor. Aconselhados por espíritas ou outras pessoas que foram beneficiadas pelos fenômenos mediúnicos ou pela momentânea fé que se fez presente por alguns momentos tendo como resultado, uma cura de curta duração quando o mal é de origem espiritual. Digo curta, pois, geralmente, as pessoas não buscam se reformar intimamente e, certamente, terão suas mazelas de volta em pouco tempo. Se houver persistência na luta contra os vícios morais e materiais que todos nós carregamos, teremos uma qualidade de vida material e espiritual bem melhor até o desencarne e após ele.
No Capítulo XXIV do "Evangelho Segundo o Espiritismo", CORAGEM E FÉ, item 15, há uma frase que se destaca no texto: "aqueles que tiverem medo de se confessarem discípulos da verdade, não são dignos de serem admitidos no reino da verdade¹".
O sincretismo religioso ainda é bastante visível nos centros espíritas espalhados pelo Brasil. Influenciados que foram durante séculos por dogmas criados pela Igreja Cristã e a seguir Católica, as pessoas acomodadas em apenas ouvir, durante séculos sofreram lavagens cerebrais e, agora, apenas após 150 anos de Codificação do Espiritismo, essa herança ainda persiste.
Assim, das inúmeras criaturas que buscam as Searas Espíritas, poucos aceitam os ensinamentos com fervor e ali vão apenas à busca de lenitivo. Outras, em menor número, aceitam com AMOR os ensinamentos cristãos sem as deturpações ou congruências que foram efetuadas na doutrina por interesses pessoais.
Infelizmente, conheci vários irmãos que labutavam no Espiritismo, no intuito de apenas servir. Mas a coragem e entusiasmo dos primeiros momentos se arrefeceram ao verificarem que a continuidade voluntária na seara exigia uma reforma íntima que estavam longe de cumprir. Assim, preferiram enveredar ou continuar pela Porta Larga onde os prazeres da carne poderiam ser atendidos "sem culpa".
O Espiritismo, ao contrário das outras religiões, nada proíbe; apenas esclarece e alerta para as conseqüências dos defeitos (ou males) morais e materiais se estes não forem extirpados ao longo de muitas encarnações.
Naturalmente, o "candidato a espírita" ao tomar conhecimento que os vícios materiais - álcool, fumo, luxúria etc. e os vícios morais: o ódio, o rancor, o orgulho, o ciúme e assim por diante e, principalmente que "Fora da Caridade não há Salvação" e "Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade" (Allan Kardec); e que deverá espontaneamente praticar a uma REFORMA ÍNTIMA, como disse no início deste artigo, "desertam", pois acha não ter forças de abandonar ou pelo menos atenuar, os prazeres quão a vida oferece através da "Porta Larga". Assim, como o avestruz, coloca a cabeça em um buraco para não ver o que se passa a sua volta, pensando assim escapar de seus inimigos ou da realidade, ou seja, DA VERDADE.
Esses "desertores" não conseguem ver o que a vida lhes se apresenta. E, assim, como "auto-hipnotizados" tentam acreditar que minutos antes de morrer(desencarnar) basta se arrepender para ter perdoado seus pecados e, assim, ganhar o reino dos céus.
Triste ilusão. A estatística mostra que uma grande porcentagem de católicos no Brasil acredita na reencarnação. Isso se dá em razão do Espiritismo e de religiões outras de origem orientais e afro-brasileiras; apesar de não cultuarem a doutrina de Jesus (nem todas) acreditam e se baseiam na vida após a morte e a volta do espírito para resgate de seus erros do pretérito.
Além disso, foram muitos os pioneiros do Espiritismo que influenciaram Regiões inteiras do Brasil, apesar da população mesclar o Espiritismo com o Catolicismo, Umbanda, Candomblé etc., daí o sincretismo. Mesmo assim, com a fotografia de Eurípedes Barsanulfo na parede (fato comum em cidades e vilas do Triângulo Mineiro) que chamam de "seu Euripes" e Francisco Cândido Xavier começar a ocupar as paredes de muitos "devotos", a população de uma maneira geral, salvo exceções, freqüentam o Centro local e a Igreja. Continuam a batizar seus filhos, ir a missas e casar como manda a tradição. Tudo isso se deve a falta de estudo e de uma educação mais apurada.
É interessante se observar que as pessoas aceitam a reencarnação com naturalidade, pois instintivamente, observando a natureza e, ouvindo palestras de pessoas estudiosas que se dedicam a divulgar o Espiritismo, pouco a pouco vão se acomodando as lições da Codificação, mas insistem em manter tradições milenares.
Ainda mencionando o mesmo capítulo do Evangelho (XXIV), agora em seu item 16, destacamos a frase final: "Semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual; lá, colherão os frutos de sua coragem ou de sua fraqueza²". Cabe aos dirigentes espíritas se conscientizarem de que não devem levar em "banho-maria" a falta de conhecimentos dos freqüentadores dos Centros, com medo de estes não mais voltem. Com essa atitude (muito comum) estarão atrasando o avanço da Doutrina.
O dirigente deve e tem o dever de se aprofundar nos estudos para repassar aos ouvintes o conhecimento que adquirir e não ter nenhum receio de tocar em assuntos "nevrálgicos" como os dogmas criados pela Igreja que levaram a tradições e cultos exteriores, práticas estas, que não existem na Doutrina Espírita.
Bibliografia:- ¹ e ² O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXIV - Edição I. D.E-1984.
Publicado no Jornal O CLARIM n.05/dezembro/2007- página 05.
Nenhum comentário:
Postar um comentário